Protesto dos coletes amarelos custou 10% do PIB francês

por RTP
Imagem de um dos dias de protesto em Paris Reuters

Um relatório parlamentar apresentado em Paris indica que os protestos dos "coletes amarelos" em França tiveram um custo económico equivalente a uma décima do PIB do país. Mais de dois mil milhões de euros.

Começou de forma espontânea em Paris, em outubro de 2018, e espalhou-se para outras cidades francesas. O movimento dos "coletes amarelos" juntou em protesto milhares de pessoas.

Uma manifestação que teve como motor de arranque o aumento do preço dos combustíveis, o alto custo de vida e as desigualdades económicas.

Protestos que muitas vezes de tornaram violentos, em particular nas ruas de PAris.

Um relatório hoje apresentado no parlamento indica que o danos provocados pelo movimento tiveram um custo económico direto que representa 10% da riqueza produzida pelo país,  mais de dois mil milhões de euros.

O mesmo documento aponta que para além dos prejuízos económicos, os protestos tiveram repercussões sociais e políticas cujas consequências ainda não se podem avaliar totalmente.

"Esta perspetiva macroeconómica está longe de refletir a amplitude das repercussões (do movimento)", diz o relatório elaborado por uma equipa de 16 deputados e promovido por uma iniciativa do presidente da Comissão dos Assuntos Económicos da Assembleia Nacional francesa, Roland Lescure.
Turismo com maior impacto
O turismo dos setores mais prejudicados, com perdas na ordem dos 850 milhões de euros. O protesto dos coletes amarelos atingiu hotéis, restaurantes e cafés, de acordo com cálculos mencionados no relatório.

Impacto também no comércio. Os deputados da comissão referem que os protestos, muitas vezes violentos, assustaram clientes, o que levou a uma redução nas receitas das lojas estimada entre 20% e 30%.

Um relatório do Senado francês, apresentado em de junho, já tinha indicado que as companhias de seguros tiveram que pagar 217 milhões de euros em compensações, especialmente aos comerciantes.

Os prejuízos apresentados no relatório incluem ainda a remuneração de horas extraordinárias que tiveram de ser pagos às autoridades policiais, que tiveram de repor a ordem pública durante as manifestações dos "coletes amarelos", resultando em valores superiores a 46 milhões de euros.

Remuneração de horas extras tiveram que ser pagos a policiais e gendarmes para lidar com a ordem pública durante as manifestações dos "coletes amarelos" em dispositivos excecionais resultaram em um projeto de lei "pelo menos 46.08 milhões de euros".

O preço é ainda mais elevado para a reparação de radares de velocidade, que foram um alvo privilegiado da ira dos manifestantes, com os deputados a contabilizarem 2.410 radares destruídos e 577 danificados.

Os autores do relatório observam que as maiores repercussões económicas afetaram as pequenas empresas que, devido à perda de receitas, passaram por situações de pressão nas suas tesourarias e por dificuldades em lidar com o pagamento de custos fixos dos seus negócios.

C/ Lusa
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