Protestos à porta da Casa Branca. Trump partilha opinião de que manifestantes são terroristas

por Alexandre Brito - RTP
Momento fotográfico de Trump com a bíblia na mão à porta de uma igreja junto à Casa Branca Tom Brenner - Reuters

Na sua habitual forma, via Twitter, o Presidente dos EUA partilhou uma carta de um advogado amigo que a certo momento qualifica de terroristas as pessoas que se manifestaram de forma pacífica junto à Casa Branca. E num outro momento, de forma mais explícita, Donald Trump diz que o "problema" está nos "incendiários, saqueadores, criminosos e anarquistas" que querem destruir o país.

Perante protestos por todo o país, com vários momentos de confrontos diretos e por vezes sangrentos, e violações de direitos tão vincados na sociedade americana como o da liberdade de imprensa, o Presidente dos EUA volta a incendiar os ânimos em vez de os tentar acalmar.

Toda esta situação, recorde-se, começou depois de terem sido divulgadas imagens da morte de George Floyd às mãos de um polícia do Minneapolis.

No Twitter, Donald Trump partilhou, em sinal de apoio, uma carta escrita por John Dowd, que já foi seu advogado, endereçada ao antigo secretário de Defesa James Mattis - que criticou a reação de Trump a estes protestos - na qual compara os manifestantes a terroristas.

"Os protestos falsos junto a Lafayette (Washington DC) não foram pacíficos e não foram reais", escreveu Dowd. "São terroristas que usam o ódio de estudantes para incendiar e destruir. Estão a abusar e a desrespeitar a polícia".

Em momento algum este advogado apresentou qualquer prova das afirmações que faz.

Contactada pela CNN a Casa Branca recusou, até ao momento, tecer qualquer comentário sobre esta partilha de Trump que, na prática, é um aval à comparação destas manifestações de desagrado com atos terroristas.

A posição de Trump nos últimos dias tem sido de desafio e confronto, com ameaças constantes de envio de militares para as ruas das cidades norte-americanas para por um fim nos protestos. 

Esta segunda-feira chegou a declarar-se como o "Presidente da lei e ordem", na mesma altura em que uma manifestação à porta da Casa Branca era dispersada com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Isto porque, dizem os meio de comunicação norte-americanos, Trump queria visitar uma igreja próximo da residência oficial do Presidente para um momento fotográfico com a bíblia na mão. 

Também no Twitter, Donald Trump voltou a referir-se, num outro momento, aos manifestantes e à actuação policial. 

Escreveu o Presidente que o "problema não está nos muito talentosos pilotos que voam a baixa altitude para salvar a nossa cidade" - uma forma foi utilizada para dispersar os protestos - "o problema está nos incendiários, saqueadores, criminosos e anarquistas que a querem destruir (e o nosso país)!"

pub