Protestos contra violência policial na Colômbia fizeram 13 mortos e 400 feridos

por Lusa

Bogotá, 10 set 2020 (Lusa) - Pelo menos 13 pessoas morreram e 400 ficaram feridas nos confrontos que deflagraram na quarta-feira na Colômbia, durante os protestos pela morte de um homem vítima de violência policial, segundo um novo balanço das autoridades.

De acordo com as autoridades colombianas, que inicialmente deram conta de cinco mortos e mais tarde de dez, nos confrontos morreram 13 pessoas, dez em Bogotá e mais três em Soacha, uma cidade perto da capital.

Entre as três vítimas mortais adicionais de que o último balanço dá conta na capital colombiana estão um jovem de 17 anos que acabou por falecer no hospital e uma mulher atropelada por um autocarro, além de uma pessoa cuja identidade não foi ainda apurada, segundo a autarquia de Bogotá, citada pela agência de notícias espanhola Efe.

Em pelo menos um dos casos, uma jovem de 18 anos que não participava nas manifestações foi atingida por uma bala perdida, um caso que indignou o país.

De acordo com o Ministério da Defesa, nos primeiros dois dias de protestos registaram-se ainda mais de 400 feridos, incluindo 209 civis e 194 agentes da polícia. Dezenas de autocarros municipais foram incendiados, com 60 esquadras de polícia queimadas ou vandalizadas.

Os protestos foram desencadeados pela morte de um advogado, após o uso repetido de um `taser` (arma elétrica) por dois polícias em Bogotá.

O homem, de 46 anos, foi imobilizado no chão por dois agentes e sujeito a repetidos choques elétricos, um incidente cujas imagens, captadas por testemunhas, causaram indignação no país, fazendo lembrar o caso do afro-americano George Floyd, sufocado por agentes da polícia, nos Estados Unidos.

A vítima acabaria por morrer horas depois, no hospital.

Um vídeo de quase dois minutos mostra dois agentes da polícia colombiana a administrarem choques elétricos ao advogado Javier Ordoñez, enquanto este implora "por favor" e "agentes, peço-vos", com testemunhas da cena a pedirem também à polícia que pare.

Os dois polícias "são objeto de uma investigação disciplinar e criminal" e foram entretanto suspensos, informou o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo.

As manifestações prosseguiram na sexta-feira pelo terceiro dia consecutivo, apesar de tanto o ministro da Defesa como o responsável da Polícia terem apresentado desculpas públicas em nome das forças de segurança.

Na sexta-feira, o alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, pediu uma investigação à violência policial na Colômbia e a punição dos responsáveis, instando o país a adotar "medidas institucionais" para evitar que se repitam casos como este.

Borrell também apresentou condolências à família do advogado vítima de violência policial e aos familiares das vítimas nos protestos, mas condenou os excessos de alguns manifestantes.

"O direito ao protesto pacífico é essencial em qualquer democracia e começa com uma rejeição inequívoca de qualquer ato de vandalismo e violência destinado a gerar medo e desordem", afirmou o alto representante da UE, que apelou a "manter a paz e a calma", para evitar que a situação se agrave.

A Amnistia Internacional também apelou para que cesse o "uso excessivo da força [policial]" contra os manifestantes, condenando os "atos de tortura" de que foi vítima Javier Ordoñez.

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