Putin atribui risco de conflitos a "desejo do Ocidente" por domínio global

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Para Vladimir Putin, é o desejo que o Ocidente tem em manter o domínio internacional que está a aumentar os riscos de conflito. Contudo, o presidente da Rússia admite que Moscovo vai continuar a atacar as infraestruturas de energia na Ucrânia.

"O potencial de conflito no mundo está a aumentar e isso é uma consequência direta das tentativas das elites ocidentais em preservar o seu domínio político, financeiro, militar e ideológico de qualquer forma", disse esta sexta-feira o presidente russo.

O Ocidente “multiplica deliberadamente o caos e agrava a situação internacional”, disse ainda Putin numa mensagem de vídeo transmitida numa cimeira de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai.

De acordo com o chefe de Estado russo, o Ocidente “explora” a Ucrânia e usa a população ucraniana como “carne para canhão” no conflito com a Rússia.

Estas declarações de Putin surgem um dia depois de o presidente russo ter admitido que vai continuar os bombardeamentos contra as infraestruturas de energia da Ucrânia, o que tem obrigado Kiev a proceder a cortes de eletricidade em todo o país.

“Tem havido muito barulho por causa dos nossos ataques às infraestruturas energéticas do país vizinho. Sim, estamos a fazê-lo. Mas quem começou tudo isto? Quem atingiu a ponte da Crimeia?”, disse o presidente russo, numa cerimónia de entrega de medalhas a militares na quinta-feira, justificando os ataques às infraestruturas criticas ucranianas.

Vladimir Putin acusou o Estado ucraniano de ter “destruído as linhas de energia da central nuclear em Kursk”, uma região russa na fronteira com a Ucrânia, e de “não fornecer água” ao reduto separatista pró-russo de Donetsk, no leste do país.

“Não fornecer água a uma cidade com um milhão de habitantes é um ato de genocídio”, criticou o líder russo, acusando os países ocidentais de fecharem os olhos a essas ações das autoridades ucranianas.

Putin realçou ainda que, assim que surge resposta do lado russo, começa-se a espalhar “o clamor” por “todo o universo”.

“Isso não nos vai impedir de cumprir as nossas missões de combate”, acrescentou.

Pelo menos dez pessoas morreram na sequência de um ataque das forças russas à cidade de Kurakhove, na região de Donetsk. Além disso, tanto as forças ucranianas como a população enfrentam temperaturas negativas, à medida que o inverno se aproxima, aumentando os receios de que as populações não tenham condições para sobreviver ao frio intenso.
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