Putin diz já ter forças prontas para intervir na Bielorrússia

por RTP
Vasily Fedosenko, Reuters

O presidente russo referiu várias condicionantes para um apoio russo, disse que por agora não está a ser necessário, disse também que só será necessário se a Bielorrússia for alvo de uma ameaça externa, mas as suas palavras não deixam dúvidas: a Rússia poderá ajudar Lukashenko a esmagar o movimento de protesto contra a fraude eleitoral.

À televisão estatal russa, Vladimir Putin declarou que o presidente bielorrusso lhe "pediu que organizasse uma reserva de forças de intervenção policiais, e eu assim fiz. Mas ambos concordámos também que eles só serão usados se a situação se descontrolar". O presidente russo não deu detalhes quanto ao efectivo daquela reserva.

Aludindo ao estatuto jurídico da Bielorrússia, como parte integrante de uma união de Estados com a Rússia, Putin disse também: "Não temos de fazer disso um segredo. Há cláusulas importantes segundo as quais todos os Estados membros desta organização têm de ajudar um deles na proteção da sua soberania, fronteiras externas e estabilidade".

É um facto citado em vária imprensa internacional que na quarta feira aterrou em Minsk um avião trazendo a bordo vários oficiais de topo do serviço secreto russo, FSB. Esse era já o segundo aparelho, numa só semana, que aterrava na capital bielorrussa com responsáveis do FSB.

Já antes Lukashenko não fazia segredo dos seus contactos com Putin no sentido de obter garantias de que este poderia ordenar uma intervenção contra sucessivas manifestações que o presidente bielorrusso descreve como orquestradas pela NATO.

Na semana passada, Lukashenko mandara pôr o Exército de prevenção nas fronteiras ocidentais do país e ontem acusara a Polónia de alimentar ambições sobre território bielorrusso. Entretanto, o presidente bielorrusso vai precisando o tipo de apoio que espera de Moscovo e uma parte desse apoio tem que ver com o reescalonamento da dívida. Ontem também, Lukashenko anunciou que está em discussão uma moratória para o pagamento de 1.000 milhões de dólares da dívida que o país mantém com a Rússia.
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