Pyongyang ameaça lançar ataque contra bombardeiros americanos

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
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O chefe da diplomacia norte-coreana acusou esta tarde os Estados Unidos de terem declarado guerra ao seu país, pelo que a Coreia do Norte se reserva a partir de agora o direito de retaliar. E com retaliar, Ri Yong-ho quer dizer abater os bombardeiros americanos que se têm visto pelas latitudes da península coreana “mesmo que não se encontrem no espaço aéreo do nosso país”.

Pyongyang acusa os EUA, que têm 28.500 militares estacionados na Coreia do Sul, de manter a intenção de invadir o Norte.Há uma semana, na sua estreia perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Donald Trump ameaçou aniquilar a Coreia do Norte, usando palavras que arriscavam desde logo ser tomadas como uma declaração de guerra contra o regime coreano e que na última sexta-feira seriam assinaladas pelo líder do país, Kim Jon-un, como “a mais feroz declaração de guerra na história”.

“Todos os Estados-membros [da ONU] e o mundo inteiro devem ter em mente que foram os Estados Unidos que primeiro declararam guerra ao nosso país”, sublinhou já hoje o ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong-ho, aos jornalistas, em Nova Iorque.
“Declararam-nos guerra e nós vamos responder”

“Uma vez que os Estados Unidos nos declararam guerra, nós temos todo o direito de decidir que resposta deve ser dada, incluindo o direito de abater os bombardeiros estratégicos dos Estados Unidos, mesmo quando não se encontrem dentro no nosso espaço aéreo”, adiantou Ri Yong-ho.

O chefe da diplomacia coreana estava já a entrar para o carro, de regresso a Pyongyang, quando, num gesto invulgar, votou para junto dos jornalistas e, tomando os microfones, acrescentou que, “à luz da declaração de guerra de Trump, todas as opções estão em cima da mesa para decisão do líder supremo” da Coreia.

Há aqui dois elementos a considerar: primeiro, o sobrevoo realizado há dois dias por bombardeiros norte-americanos B-1B no limite das águas internacionais da Coreia do Norte, uma atitude vista como o tomar o pulso a Pyongyang. O voo deste sábado de bombardeiros B-1B escoltados por caças F-15 aconteceu pouco antes de Ri Yong-ho discursar perante a Assembleia geral das Nações Unidas.

“Esta missão é a demonstração da determinação dos Estados Unidos e uma mensagem clara de que o Presidente tem muitas opções para destruir qualquer ameaça”, sublinhou a porta-voz do Pentágono Dana White.

Segundo, a China já esclareceu a sua posição neste diferendo. Se a Coreia do Norte atacar os Estados Unidos em primeiro lugar, sem antes ser atacada, Pequim manter-se-á neutro num eventual conflito. Se os Estados Unidos atacarem a Coreia em primeiro lugar, a China deverá entrar no conflito ao lado de Pyongyang.
Pequim, Pentágono e "gasolina na fogueira"
Entretanto, com o crescente receio de um passo mal calculado por qualquer das partes nesta questão da crise dos mísseis coreanos, Pequim já veio apelar a ambos os lados para evitarem “atirar gasolina para a fogueira”.

Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, demonstrou a sua preocupação com o escalar da retórica de guerra entre os dois Estados–membro da organização que lidera.

“Uma troca de palavras inflamada pode levar a mal-entendidos”, alertou o porta-voz da ONU Stephane Dujarric, apontando “a solução política como a única possível para esta questão”.

Mas não parece ser essa a disposição geral, já que, face às últimas declarações da parte norte-coreana, o Pentágono sublinhou estar à disposição de Donald Trump com todas as opções em cima da mesa, o que pode querer dizer que os Estados Unidos estão preparados para avançar com a resposta bélica.

“Se a Coreia do Norte não puser fim aos seus actos provocatórios, fazemos questão de colocar à disposição do Presidente todas as opções para lidar com a Coreia do Norte”, declarou o porta-voz do Pentágono, coronel Robert Manning.

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