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Pyongyang lançou o terceiro míssil em três semanas

por Cristina Sambado - RTP
KCNA

A Coreia do Norte lançou esta segunda-feira mais um míssil balístico de curto alcance - o terceiro em três semanas. Percorreu cerca de 450 quilómetros, caindo na zona económica marítima do Japão. É o mais recente de uma série de testes que têm vindo a ser feitos pelo regime de Pyongyang, num claro desafio à comunidade internacional. Seul, Tóquio e Pequim não tardaram a reagir.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prometeu “uma ação concreta de retaliação” e afirmou que já apresentou à Coreia do Norte “um protesto nos termos mais fortes possíveis”.

“Tal como definimos na recente cimeira do G7, o problema da Coreia do Norte é uma prioridade para a comunidade internacional. Vamos tomar algumas medidas juntamente com os Estados Unidos”, acrescentou Shinzo Abe.

Segundo o primeiro-ministro japonês, Tóquio vai “manter uma alta vigilância em coordenação com a Coreia do Sul e a comunidade internacional e tomar todas as medidas possíveis para garantir a segurança do povo do Japão".A questão norte coreana esteve no centro da agenda da cimeira do G7 na passada semana, com o primeiro-ministro japonês e o presidente dos EUA a concordarem em ampliar as sanções. Na altura Trump afirmou que “a Coreia do Norte é uma grande problema, que será resolvido”, não descartando a possibilidade de uma ação militar.

“Este lançamento é um ato extremamente problemático para a segurança de navios e aviões e está claramente a violar a resolução da ONU. As repetidas provocações da Coreia do Norte não são aceitáveis”, acrescentou o Governo japonês em comunicado.

Também a Coreia do Sul condenou o mais recente ensaio de mísseis da Coreia do Norte e instou o regime de Kim Jong-un a “parar de imediato” com todas as “provocações” e optar, o quanto antes, pela desnuclearização.

Seul considera também que esta atitude de Pyongyang constitui “uma clara violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma séria ameaça não apenas para a península coreana, mas também para a paz e segurança globais”.

“O Norte deve cessar imediatamente todas as provocações e enveredar pelo caminho da desnuclearização o quanto antes”, refere uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.

“O Governo [sul-coreano] não tolerará nenhum tipo de provocação e responderá com severidade”, conclui o comunicado da diplomacia sul-coreana.
China reage
A China também condenou o lançamento e pediu à Coreia do Norte que crie condições para o regresso às negociações. "No momento, a situação na península coreana é complexa e sensível, e esperamos que todos os lados relevantes mantenham calma e moderação", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da China.

Segundo o comando norte-americano do Pacífico, o míssil de curto alcance foi seguido durante seis minutos através dos radares até cair no mar do Japão, sem representar qualquer perigo para os EUA. Terceiro lançamento em três semanas
O lançamento do míssil Scud foi o terceiro realizado pela Coreia do Norte nas últimas três semanas. Kim Jong-un supervisionou o teste e ordenou uma produção em massa para implementar em todo o país.

O míssil, que esteve seis minutos no ar e atingiu uma altitude de 120 quilómetros, foi lançado da cidade costeira de Wonsan percorreu uma trajetória de 450 quilómetros caindo na zona económica marítima do Japão, entre as ilhas se Sado e Oki.O lançamento desta segunda-feira é o décimo que a Coreia do Norte leva a cabo desde o início do ano e o terceiro desde que o liberal Moon Jae-in assumiu a presidência da Coreia do Sul no passado dia 10.

Seul considera tratar-se de uma variante dos Scud soviéticos, um míssil de curto alcance, com um raio de entre 300 e 500 quilómetros.

Os dois anteriores lançamentos envolveram mísseis de médio e longo alcance.

O primeiro, lançado a 14 de maio, foi considerado pelos especialistas a mais bem-sucedida tentativa de Pyongyang de desenvolver mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares. Segundo a Coreia do Norte, o Hwasong-12 atingiu uma altitude de 2.100 quilómetros e poderá percorrer 4.500 quilómetros.

Os analistas consideraram que este lançamento mostrou que o regime de Kim Jong-un tinha um míssil capaz de atingir o território norte-americano de Guam.

Uma semana depois, a 21 de maio, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico de médio alcance para as águas ao largo da sua costa leste. Na altura, Pyongyang afirmou que o projétil era um míssil balístico estratégico terreno-terra Pukguksong-2.

Nos últimos meses, Pyongyang tem aumentado os seus testes com mísseis balísticos e pretende construir mísseis nucleares que possam atingir o território norte-americano, algo que para os especialistas ainda permanece longínquo.

O reforço da atividade bélica nas últimas semanas é visto, pelos analistas, como um desafio às resoluções que a ONU tem adotado para condenar e proibir os testes nucleares e de mísseis levados a cabo pela Coreia do Norte.

Alguns especialistas consideram que com os mais recentes ensaios o regime norte-coreano estará a colocar à prova o novo Executivo sul-coreano, o qual prometeu melhorar os laços com Pyongyang, ainda que mantendo, ao mesmo tempo, as sanções.

Pyongyang tem armazenada uma grande quantidade de mísseis Scud de curto alcance que foram desenvolvidos pela União Soviética e que, modificados, podem alcançar uma distância de mil quilómetros.

O programa nuclear e de mísseis norte-coreano constituem um dos mais importantes desafios de política externa que enfrentam os dois novos líderes, e aliados, em Washington (EUA) e Seul (Coreia do Sul).

C/Agências
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