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Recenseamento de comunidade cigana em Itália gera protestos

por RTP
Matteo Salvini quer perceber "quem e quantos são" os ciganos a residir em território italiano. Pascal Rossignol - Reuters

O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, afirmou esta segunda-feira que pretende fazer um recenseamento da comunidade cigana a residir no país. A proposta enfrenta agora contestação.

Matteo Salvini, vice-primeiro ministro da Liga Norte, partido de extrema-direita, afirmou esta segunda-feira que quer perceber "quem e quantos são" os ciganos a residir em território italiano. Para tal propôs um recenseamento da comunidade que, entre outras razões, facilite a expulsão de estrangeiros em situação irregular.

O recenseamento da população tendo por base questões étnicas vai contra a lei italiana. Por essa razão, Salvini declara que não tem a intenção de criar um arquivo separado para a comunidade cigana. Pelo contrário, diz-se preocupado com o destino das crianças pertencentes a estas comunidades, que são proibidas pelos pais de frequentar as escolas locais.

"O nosso objetivo é avaliar a situação dos campos de ciganos", afirmou na noite de segunda-feira.
Acrescentou ainda num tweet que "alguns falam de ‘choque’, porquê? Penso apenas naquelas crianças pobres que são educadas no furto e na ilegalidade".

A sua preocupação, no entanto, não deixa de ser contraditória quando afirmou à estação de televisão italiana Telelombardia que ”infelizmente teremos de manter os ciganos com cidadania italiana, não os podemos expulsar”.

Luigi Di Maio, vice-primeiro ministro pelo Movimento Cinco Estrelas (M5S) afirma estar "satisfeito por saber que Salvini negou a hipótese de registar e recensear imigrantes, porque se algo é inconstitucional, não pode ser feito”. O Movimento Cinco Estrelas, um partido antissistema, coligou-se à Liga Norte em maio.
Proposta cria agitação dentro e fora do Governo
A imprensa italiana noticiou esta terça-feira a irritação do presidente do Conselho, Giuseppe Conte, que alegadamente telefonou a Salvini. No entanto, o novo chefe do Governo italiano, que esteve em Berlim na segunda-feira, não falou publicamente sobre o caso.

Por outro lado, a oposição de esquerda disparou sobre a proposta de Matteo Salvini, lembrando-o das leis raciais aprovadas durante o período fascista na década de 1930.
No final do tweet da senadora do Partido Democrata (PD), Monica Cirinna, pode ler-se que "a Itália regressou a 1938". O ano marcou o voto das leis raciais dirigidas a judeus italianos durante o período da II Guerra Mundial.

Não existem números oficiais, mas de acordo com uma associação próxima da comunidade cigana em Itália, vivem no território italiano entre 120 mil e 180 mil ciganos, a maioria da nacionalidade italiana.

Salvini tem levantado várias vozes na opinião pública desde a semana passada, quando recusou a entrada de um navio humanitário com 630 migrantes num porto italiano. O navio, apelidado de Aquarius, acabou por ser aceite pelo Governo espanhol. Os migrantes chegaram este domingo ao porto de Valência.







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