Reestruturação da companhia aérea sul-africana SAA com despedimentos e nova empresa

por Lusa

Joanesburgo, 14 jul 2020 (Lusa) - Os credores da falida companhia aérea sul-africana SAA aprovaram um plano de reestruturação, que resultará em cortes de empregos e na criação de uma nova empresa a partir das ruínas da empresa, anunciou hoje o Ministério das Empresas Públicas.

Numa reunião, 86% dos credores da South African Airlines (SAA) "votaram a favor do plano" de reestruturação da companhia pública, de acordo com uma declaração do ministério.

O plano prevê cortes de postos de trabalho, que não foram quantificados publicamente, referindo-se o Governo simplesmente a "indemnizações justas e razoáveis no interesse" do pessoal em causa. A SAA tem 5.200 empregados.

A reestruturação exigirá uma contribuição financeira que, segundo o principal partido da oposição, a Aliança Democrática (AD), ascenderá a 16,6 mil milhões de rands (873 milhões de euros).

Com o plano adotado, a prioridade é "concretizar os compromissos do Governo em termos de financiamento", disse o Ministério das Empresas Públicas, sem apresentar quaisquer números.

"Uma nova companhia aérea, reestruturada e competitiva, criada a partir da antiga, é a melhor opção para voltar imediatamente para o ar", acrescentou o ministério.

Esta solução, que envolve "uma reestruturação fundamental da SAA", é "muito melhor para os credores e funcionários da SAA do que a liquidação", acrescentou.

Com dívidas muito avolumadas e recentemente colocada em liquidação judicial, a SAA não registou qualquer lucro desde 2011 e sobreviveu durante anos apenas sob injeção permanente de dinheiro público.

Símbolo da má gestão das empresas estatais que caracterizou o reinado do ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma (2009-2018), a empresa foi forçada a encerrar muitas rotas em 2020, mesmo antes da pandemia de covid-19.

O promotor considerou hoje a aprovação do plano de reestruturação "imoral".

"Centenas de milhares de sul-africanos que perderam os seus empregos por causa da covid-19 (...) verão 16,6 mil milhões de rands [867 milhões de euros] ser engolidos num buraco negro", advertiu numa declaração.

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