Mais de 2000 pessoas armadas, entre as quais se contam membros do exército, polícia e paramilitares, rodearam a zona de Masaya, ocupada por oposicionistas de Ortega, durante mais de oito horas. Nas últimas horas morreram pelo menos três pessoas.
Depois de sete horas de cerco, as forças de Ortega asseguraram ter conseguido controlar a zona, havendo três mortos, entre eles um polícia. As ordens de Ortega passavam por eliminar todo e qualquer vislumbre de resistência.
Depois do ataque ao bastião estudantil da Nicarágua, na Universidade Nacional de Manágua, deu-se o ataque a Masaya. O chefe da polícia da cidade avisou que na segunda-feira haveria uma “limpeza” da cidade, devido às ordens de Ortega e da vice-presidente do país, Rosario Murillo, esposa do presidente, e que a operação ia decorrer “a qualquer custo”.
Masaya é considerada a capital do folclore da Nicarágua, ouvindo-se pelas ruas as marimbas produzidas pelos artesãos da cidade. Nas oficinas estão as máscaras que os dançarinos utilizam nas danças. É uma cidade adorada pela cultura que emana e pela luta de resistência contra o regime de Ortega.
O bairro indígena de Monimbó é o centro da resistência, local onde foram organizados pequenos comandos de vigilância que asseguram a segurança das populações que sempre se negaram a ser submetidas ao regime de Ortega. Inclusivamente, Masaya chegou a declarar-se território livre do Orteganismo e houve conversações para ser criada uma junta de governo própria.
Estas opções políticas não agradaram a Ortega, que ordenou ataques ferozes contra a cidade, já com três meses de resistência e com dezenas de pessoas mortas.
“Não vão passar. Não passaram e não vão passar. Esta atrocidade não vai governar a Nicarágua, o terrorismo não vai governar a Nicarágua, os diabólicos nunca poderão governar a Nicarágua”, declarou Rosario Murillo.
A comunidade internacional tem intensificado a pressão sobre o regime de Ortega para que termine a repressão e desarme os paramilitares depois de quase 300 mortes nos últimos meses. Os pedidos dividem-se pelos Estados Unidos, treze estados latino-americanos e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.