Regime de Ortega na Nicarágua ataca Masaya, bastião da resistência

por RTP
Desacatos em Masaya já levaram à morte de três pessoas Reuters

Mais de 2000 pessoas armadas, entre as quais se contam membros do exército, polícia e paramilitares, rodearam a zona de Masaya, ocupada por oposicionistas de Ortega, durante mais de oito horas. Nas últimas horas morreram pelo menos três pessoas.

Na última terça-feira, Daniel Ortega atacou o último bastião ocupado pela resistência ao regime da Nicarágua com força desmedida, num grupo com mais de 1500 pessoas, onde se incluem pessoas do exército, polícia e paramilitares. Colocados nos arredores de Masaya, os ataques começaram pela manhã e tinham como objetivo arrasar pontos estratégicos dos rebeldes.

Depois de sete horas de cerco, as forças de Ortega asseguraram ter conseguido controlar a zona, havendo três mortos, entre eles um polícia. As ordens de Ortega passavam por eliminar todo e qualquer vislumbre de resistência.

Depois do ataque ao bastião estudantil da Nicarágua, na Universidade Nacional de Manágua, deu-se o ataque a Masaya. O chefe da polícia da cidade avisou que na segunda-feira haveria uma “limpeza” da cidade, devido às ordens de Ortega e da vice-presidente do país, Rosario Murillo, esposa do presidente, e que a operação ia decorrer “a qualquer custo”.

Masaya é considerada a capital do folclore da Nicarágua, ouvindo-se pelas ruas as marimbas produzidas pelos artesãos da cidade. Nas oficinas estão as máscaras que os dançarinos utilizam nas danças. É uma cidade adorada pela cultura que emana e pela luta de resistência contra o regime de Ortega.

O bairro indígena de Monimbó é o centro da resistência, local onde foram organizados pequenos comandos de vigilância que asseguram a segurança das populações que sempre se negaram a ser submetidas ao regime de Ortega. Inclusivamente, Masaya chegou a declarar-se território livre do Orteganismo e houve conversações para ser criada uma junta de governo própria.

Estas opções políticas não agradaram a Ortega, que ordenou ataques ferozes contra a cidade, já com três meses de resistência e com dezenas de pessoas mortas.

Na segunda-feira, a esposa e vice-presidente de Ortega criticou duramente os manifestantes que se opõem ao regime instalado na Nicarágua, descreveu-os, em meios de comunicação afetos a Ortega, como “diabólicos e terroristas”, e afirmou que não vão conseguir tirar o presidente do poder.

“Não vão passar. Não passaram e não vão passar. Esta atrocidade não vai governar a Nicarágua, o terrorismo não vai governar a Nicarágua, os diabólicos nunca poderão governar a Nicarágua”, declarou Rosario Murillo.

A comunidade internacional tem intensificado a pressão sobre o regime de Ortega para que termine a repressão e desarme os paramilitares depois de quase 300 mortes nos últimos meses. Os pedidos dividem-se pelos Estados Unidos, treze estados latino-americanos e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
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