Reino Unido alerta para possibilidade de ataques terroristas em Portugal

por Carlos Santos Neves - RTP
No portal do Governo britânico pode ler-se que “não pode ser descartado” o cenário de atentados em território português Rafael Marchante - Reuters

O Governo britânico procedeu esta quinta-feira a uma atualização de conselhos aos cidadãos que tencionem viajar para Portugal, sugerindo que permaneçam vigilantes face a possíveis ameaças terroristas, um cenário que “não pode ser descartado”. Esta posição de Londres contrasta com o teor do Relatório Anual de Segurança Interna, que avalia como moderado o risco de atentados.

“Há uma maior ameaça de ataques terroristas em todo o mundo contra interesses do Reino Unido e cidadãos britânicos por grupos ou indivíduos motivados pelos conflitos no Iraque e na Síria”, lê-se numa nota agora publicada no portal do Governo de Theresa May.

Tais ações, prossegue Londres, podem ser indiscriminadas e visar “locais religiosos, incluindo igrejas”.

O alerta para as deslocações a território português integra uma lista com dezenas de outros países. O objetivo é esclarecer os britânicos sobre diferentes aspetos do quotidiano além-fronteiras: legislação, tradições, serviços de saúde e riscos de desastres naturais.Segundo os dados do Ministério britânico dos Negócios Estrangeiros, só em 2015 deslocaram-se a Portugal 2,6 milhões de ingleses.

No Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2017, submetido esta quinta-feira à Assembleia da República, a ameaça terrorista em Portugal é tida como moderada. Todavia, é referida a possibilidade de o território do país servir de “plataforma de trânsito ou apoio logístico para o recrutamento de jihadistas.

“Continuam a não ser identificadas referências específicas” a Portugal entre os veículos de propaganda de grupos extremistas, escreve-se no RASI.

Em concreto, as autoridades estão atentas a um grupo de portugueses conotados com o Estado Islâmico que permanece na região dos conflitos da Síria e do Iraque. E que terão posições de relevo na hierarquia da organização terrorista fundada por Abu Bakr al-Baghdadi. A possibilidade de regresso a Portugal, ou a outro país da Europa, é um foco de preocupação.

Trata-se também, nos termos do RASI, de uma preocupação “securitária pela possibilidade de regresso à Europa de jovens sem antecedentes, mas já informados pela ideologia jihadista e expostos durante anos à violência da organização terrorista Estado Islâmico, considerando as suas práticas como normais, legítimas e adequadas”.

O Relatório Anual de Segurança Interna agrega indicadores de criminalidade compilados pela Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, Autoridade Tributária e Aduaneira e Polícia Judiciária Militar.

c/ Lusa
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