Sete deputados do Partido Trabalhista anunciaram a demissão por causa do que consideram ser a cultura anti-semita institucionalizada pela direção e pelas decisões que põem interesses pessoais e políticos à frente dos interesse do país no que respeita ao Brexit. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, diz estar desapontado pela decisão dos deputados.
Brexit
“O Partido Trabalhista ao qual nos juntámos, pelo qual fizemos campanha e no qual acreditávamos não é mais o mesmo. Fizémos tudo para salvá-lo, mas agora foi raptado pela máquina da extrema-esquerda”, acusou Chris Leslie, eleito por Nottingham East, perante os jornalistas.
O deputado Mike Gapes sublinhou a importância de lutar contra o racismo, a injustiça e a intolerância, tendo evocado os seus muitos anos de militância. O antigo presidente da comissão de Negócios Estrangeiros, e eleito por Ilford South, foi veemente nas críticas ao rumo impresso por Jeremy Corbyn. “Estou enojado que o Partido Trabalhista seja agora um partido racista e anti-semita”, afirmou.
Os sete deputados, que agora vão formar um novo grupo independente em Westminster, podem avançar para um novo movimento político. A possibilidade foi admitida por Chuka Umunna, eleito por Streatham e antigo secretário sombra da Economia.
Estrela em ascensão dos trabalhistas, Umunna apresenta-se como “um quarto inglês, um quarto irlandês e meio nigeriano”, explicando que as “decisões são moldadas por quem nós somos e de onde nós viemos”.
Defendendo uma alternativa à forma atual de fazer política, Umunna afirmou que o abandono do Partido Trabalhista “é um primeiro passo” e apelou a todos os que queiram participar – trabalhistas e de outros partidos - a juntarem-se na “construção de uma nova política”.
Umunna traçou o perfil das lideranças dos "partidos estabelecidos" como “profundamente divididas”, que falharam “alcançar a unidade necessária” e “colocaram os interesses pessoais e partidários à frente do interesse nacional”.
“Não nos juntamos a um partido para lutar contra outras pessoas mas para mudar o mundo”, concluiu.
Jeremy Corbyn lamentaWhat an overwhelming show of support already. Thank you. Challenging our website though - please bear with us while we bring it back up.
— The Independent Group (@TheIndGroup) 18 de fevereiro de 2019
A saída dos sete deputados reduz o grupo parlamentar do Labour na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do parlamento britânico, de 256 para 249.
I am disappointed that these MPs have felt unable to continue to work together for the Labour policies that inspired millions at the last election and saw us increase our vote by the largest share since 1945.
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) 18 de fevereiro de 2019
Uma fonte trabalhista admite que se siga uma segunda vaga de demissões, em contestação à política decidida por Corbyn para com o Brexit.
Corbyn mantém a ameaça de um segundo referendo "sobre a mesa" caso o Governo de Theresa May não consiga um acordo com Bruxelas que possa ser aprovado em Westminster.
Corbyun prefere a convocatória de eleições, mas na semana passada escreveu à primeira-ministra a solicitar mudanças nas "linhas vermelhas" e que aceite uma união alfandegária permanente com a União Europeia, o que foi rejeitado por Theresa May.