Republicanos timorenses querem construir 60 mil casas

por Lusa

O líder do Partido Republicano (PR) timorense, João Saldanha, já fez as contas: se ganhar as legislativas antecipadas de 12 de Maio vai destinar 400 milhões de dólares (320 mil euros) durante cinco anos para construir 60 mil casas "dignas" em todo o território de Timor-Leste.

Em 2017 o partido construiu a primeira, a "Uma Moris Diak", a Casa da Prosperidade, num pequeno terreno praticamente à sombra da nova igreja de Becora, um dos grandes centros de culto que está a ser construído em Timor-Leste.

"Queremos ajudar as pessoas que têm poucas capacidades a ter uma casa digna, com dois quartos, uma sala, cozinha e casa de banho, onde podem viver cinco a seis pessoas", explicou à Lusa, momentos antes de participar num pequeno encontro no recinto de terra batida à frente da casa.

A matemática do projeto "prioritário" da plataforma do PR - foi o 14º entre os 21 partidos que se apresentaram nas legislativas de 2017, com menos de 4.000 votos (0.7%) - é mais ou menos clara.

Cada casa custa entre 7.000 a 10 mil dólares, a obra cria sete postos de trabalho durante três meses - e o objetivo é alargar o projeto durante toda a legislatura.

"Se ganharmos a eleição e governarmos esta nação vamos construir 12 mil casas em todo Timor num ano. Em cinco anos o plano é construir 60 mil casas", explicou.

A ouvir a conversa, com maior ou menor interesse, está um público maioritariamente jovem, entre militantes, potenciais eleitores e até o observador da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que está no ato oficial de campanha.

O calendário da campanha dos oito partidos e coligações candidatos ao voto foi aprovado previamente para evitar 'choques' de comícios e tudo é respeitado à risca: a campanha só se faz, pelo menos nas ruas, em horas úteis.

No final da manhã, já sob um sol intenso, alguns dos jovens vestem camisolas do partido, cujo símbolo verde e branco decora uma única bandeira presa numa árvore que foi podada ao máximo (ficou praticamente só o tronco).

João Saldanha retoma a matemática: 5 pessoas por casa, 60 mil casas, são 300 mil pessoas que "se conseguem arrastar da pobreza para uma casa digna. Total a que se somam - aqui as contas baralham-se mais um pouco - ao que diz serão "105 mil empregos, durante cinco anos, na construção".

"Durante cinco anos este programa toca em 405 mil pessoas, pobres. Se gerirmos o programa como deve ser necessitamos de um orçamento de 400 milhões durante cinco anos", explica.

Até dias antes da campanha, o PR chegou a fazer parte de uma das coligações concorrentes, a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD), mas houve desentendimentos de propósitos, de agenda e de proporcionalidade na 'divisão' entre cinco partidos.

"O PR tem uma ideologia de centro-direita e quando decidimos juntar-nos na FDD, eu queria que a coligação fosse uma alternativa política em termos do centro-direita. O centro-direita nesta nação está desorganizado, a tendência é sempre do Estado resolver tudo, todos os problemas", explica.

"Há potencialidades individuais e do setor privado que não está organizado e não tem responsabilidade e a mentalidade de que devem utilizar esse potencial", insiste.

Por isso, o PR vai sozinho a votos, com a experiência de três atos eleitorais que levaram o partido a mudar a "tipologia da campanha", deixando os grandes e caros comícios por encontros mais pequenos, "de maior proximidade".

"A nossa cultura política em Timor-Leste depois da independência não é sustentável. As pessoas vinham para um grande comício, porque há animação, há colegas e primos, chegam todos, juntam mil ou duas mil pessoas. Gastas no transporte, na comida, um ou dois búfalos, um custo muito elevado, mas no voto desses 2.000 só 5 ou 10 é que votam", explica.

É altura, disse, de combater os 'mau hais', os que "mudam de um partido para o outro" que se aproximam das forças políticas prometendo trazer cinco ou seis mil pessoas, "que pedem dinheiro e depois desaparecem: e lá se vão 500 ou mil dólares".

"Por isso com o pouco dinheiro que tivermos agora decidimos fazer um fundo de crédito barato. As pessoas do PR pagam um juro de 1% e as de fora do PR pagam 1,5%", explica.

As eleições em Timor-Leste são a 12 de Maio.

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