Resultados eleitorais "não correspondem" aos dados dos observadores - Igreja

por Lusa

A Igreja Católica da República Democrática do Congo (RDCongo) afirmou hoje que os resultados provisórios das eleições presidenciais, apontando a vitória de Félix Tshisekedi, candidato da oposição, "não correspondem" aos dados recolhidos pelos observadores eleitorais.

"Constatamos que os resultados das eleições presidenciais, tal como foram publicados pela CENI [Comissão Eleitoral Nacional Independente] não correspondem aos dados recolhidos pela nossa missão de observação nos locais de voto e de contagem dos boletins", disse Donatien Nshole, porta-voz da Conferência Episcopal da RDCongo (Cenco), em conferência de imprensa.

Os bispos lembram que a Igreja Católica teve no terreno, nas eleições de 30 de dezembro, 40 mil observadores, tendo criado uma linha de atendimento e que os dados recolhidos pelos observadores foram analisados por uma equipa de especialistas multidisciplinar.

A Igreja Católica saudou a "importante mobilização" de eleitores para o escrutínio e "exortou" as partes a "fazerem prova de maturidade" e "a evitarem o recurso à violência".

"No caso de uma eventual contestação dos resultados provisórios por um partido, exortamos a que usem os meios legais previstos na Constituição e na lei eleitoral", sublinham.

Os resultados provisórios, divulgados hoje, deram a vitória ao candidato da oposição Felix Tshisekedi, que foi declarado vencedor da eleição de 30 de dezembro, com 38,57% dos votos, à frente do líder da oposição Martin Fayulu (34,8%), que imediatamente contestou o resultado e denunciou um "golpe eleitoral".

Numa eleição à qual não se podia recandidatar o ainda Presidente Joseph Kabila, Tshisekedi recebeu mais de sete milhões de votos, contra os mais de seis milhões arrecadados por outro candidato da oposição, Martin Fayulu, e por aquele apoiado pelo partido do Governo, Emmanuel Ramazani Shadary, que obteve mais de quatro milhões de votos.

Este resultado sem precedentes na RDCongo ainda pode ser contestado junto do Tribunal Constitucional, que tem a partir de agora 14 dias para validar a votação.

Neste momento permanecem dúvidas sobre a possibilidade de os resultados serem contestados por Martin Fayulu, que liderou as sondagens e advertiu contra uma possível fraude eleitoral.

O anúncio do sucessor do Joseph Kabila, inicialmente previsto para domingo, surge na sequência de pressão internacional e num clima de suspeição entre a população, que temia uma manipulação dos resultados.

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