Reunião entre Trump e Pelosi acaba em insultos

por RTP
Kevin Lamarque/Reuters

Na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos foi aprovada por maioria esta quarta-feira uma moção que condena a retirada das tropas norte-americanas do norte da Síria. Uma reunião logo a seguir com Donald Trump e a presidente da Câmara dos Representantes ficou marcada pela troca de insultos.

Donald Trump tem afirmado que nada tem a ver com a ofensiva de Ancara contra as milícias curdas no nordeste da Síria. Numa conferência de imprensa esta quarta-feira, o Presidente norte-americano declarou que este "não é um problema" dos EUA.

"Se a Turquia entra na Síria, é entre a Turquia e a Síria. Não é um problema nosso", reiterou.

Contudo, depois de Trump anunciar que ia retirar as tropas norte-americanas da Síria, no início deste mês de outubro, foram muitas as críticas. A decisão do Presidente dos EUA foi considerada, por muitos, uma traição aos seus aliados.

Num raro momento de união e concordância entre democratas e republicanos na Câmara dos Representantes, foi aprovada uma resolução contra a retirada das tropas norte-americanas da Síria. Os dois partidos manifestaram preocupação quanto à posição do Presidente dos EUA, que consideram que pode promover o ressurgimento do Estado Islâmico, assim como a influência russa na região e o massacre de muitos curdos.

A proposta foi aprovada por larga maioria, com 354 votos a favor e 60 contra, e gerou controvérsia entre os deputados e o Presidente norte-americano. Após a votação, os líderes do Partido Democrata e do Partido Republicano foram convocados para uma reunião na Casa Branca.

Mas o encontro entre Donald Trump e os líderes parlamentares acabou por se tornar num confronto, levando a que alguns democratas abandonassem a sala.



Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes, foi uma das democratas a abandonar a reunião. Pelosi assumiu, numa conferência fora da Casa Branca, que alguns líderes democratas interromperam a reunião porque Donald Trump "passou-se" por causa da votação relativa à condenação da retirada das tropas da Síria, segundo o Guardian.

"O que assistimos por parte do Presidente foi uma explosão, infelizmente", disse Pelosi.

Chuck Schumer, democrata do Senado, juntou-se a Pelosi e, depois de alguns insultos de Trump, abandonou a reunião. Segundo o democrata, o Presidente dirigiu-se a Nancy Pelosi como "política de terceira categoria".

O encontro na Casa Branca "não foi um diálogo, foi uma espécie de diatribe, uma diatribe desagradável", acrescentou Schumer, admitindo que os democratas decidiram sair da reunião quando o Presidente insultou Nancy Pelosi.



Pelosi considera, no entanto, que Donald Trump estava "perturbado" devido à resolução do Congresso e, por isso, os democratas "não poderiam continuar na reunião". Mas Donald Trump não poupou a democrata aos insultos.

Já depois da saída dos democratas da reunião, o Presidente norte-americano acusou Pelosi de "ser uma pessoa muito doente", acrescentando que a democrata "precisa de ajuda rapidamente".


A verdade é que a tensão entre os democratas e Donald Trump tem aumentado desde que se iniciou a investigação de impeachment contra o Presidente. A assessora de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, descreveu, posteriormente, a reunião de maneira diferente. Segundo Grisham, o discurso de Trump foi "regular" e "decidido", mas que Pelosi é que "não tinha intenção de ouvir".

"O presidente foi regular, factual e decidido, enquanto que a decisão da presidente Pelosi de deixar a sala foi desconcertante, mas não surpreendente", disse Grisham.
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