Robert Mugabe expulso da liderança do ZANU-PF

por RTP
Philimon Bulawayo - Reuters

O partido no poder no Zimbabué expulsou Robert Mugabe da liderança, avança a agência Reuters. Emmerson Mnangagwa, vice-presidente do país, vai ser o seu sucessor. Grace Mugabe também foi destituída da liderança da Liga Feminina do partido.

O comité central do ZANU-PF reuniu esta quinta-feira de urgência para analisar crise político-militar.

O anúncio foi feito pelo líder da associação de veteranos de guerra da independência do Zimbabué, Chris Mutsvangwa, que avisou: “Mugabe está a ficar sem tempo para negociar uma saída digna e por isso devia deixar o país”.

O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, está em prisão domiciliária desde a passada semana e tem resistido a abandonar o país. Mugabe ocupa o cargo há 37 anos.Entretanto, os comandos militares que levaram a cabo a iniciativa vão receber ainda hoje Mugabe na presidência zimbabueana, onde estão instalados.

Há duas semanas Robert Mugabe afastou o seu vice-presidente do cargo. Terá sido a demissão do vice-presidente do país, Emmerson Mnangagwa, que esteve na origem das movimentações militares que detiveram Mugabe.

A decisão tomada na reunião de urgência do Comité Central da ZANU-PF abre, assim, caminho a reintegração de Mnangagwa, que, por sua vez, deverá assumir a liderança de um novo Governo até às eleições gerais de 2018.

Confirmado este cenário, a destituição de Mugabe é o passo seguinte, que terá de ser confirmada pelo Parlamento, medida que o líder parlamentar do maior partido da oposição, o Movimento para as Mudanças Democráticas (MDC), Innocent Gonese, já avançou na casa parlamentar zimbabueana após discutir a questão com a ZANU-PF.

“As conversações de Mugabe com o seu ex-comandante do exército Constantino Chiwenga estão na segunda ronda e as Forças Armadas tudo estão a fazer para evitar uma acusação internacional de golpe de Estado, algo que a União Africana (UA) já veio a público defender que não aceitará.

Fontes oficiais de ambas as partes não têm revelado pormenores sobre as negociações, mas os militares parecem querer defender uma resignação voluntária de Mugabe para manter a legalidade na transição política que, inevitavelmente, se seguirá.

A intransigência de Mugabe em deixar o poder tem sido, referem analistas locais e internacionais, uma forma de o Presidente zimbabueano contar com o apoio da UA e da comunidade internacional para preservar o seu legado como um dos líderes da libertação de África, bem como para proteger-se, tal como a família, de possíveis processos judiciais.

Centenas de milhares de zimbabueanos saíram desde então às ruas para protestar contra a decisão e contra a manutenção de Mugabe no poder, ações que culminaram sábado com uma das maiores manifestações de sempre em Harare.

C/ Lusa
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