Rússia desmente acusação de proximidade aos taliban

por RTP
Um grupo de combatentes Taliban em 2011, quando entregaram voluntariamente as suas armas em Sangin, Afeganistão. Abdul Malik - Reuters

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse esta sexta-feira que as acusações de Washington, de proximidade russa e possibilidade de Moscovo estar a fornecer armas aos taliban no Afeganistão, são uma "mentira" para esconder os fracassos americanos na região, afirmou a agência de notícias RIA.

Na quinta-feira, o mais alto responsável militar norte-americano na Europa, o general Curtis Scaparrotti, afirmou que tem visto a influência russa crescer sobre os Taliban no Afeganistão, admitindo a possibilidade de que Moscovo esteja a fornecer armas ao grupo islamita.

A influência taliban no Afeganistão tem estado a recrudescer e o grupo capturou mesmo o distrito de Sangin, na província de Helmand, a sul do país, anunciaram na quinta-feira responsáveis norte-americanos.A província de Helmand congrega grande parte da produção e do comércio de ópio e está na sua maior parte sob domínio taliban.

Precisamente em Sangin morreram centenas de tropas americanas e britânicas durante a intervenção liderada pelos EUA após 2001, para arrancar o Afeganistão ao domínio taliban.

O sul do Afeganistão sempre foi complicado de controlar militarmente.

Desde a retirada da maior parte da força internacional, em 2014, que as tropas governamentais afegãs têm enfrentado crescentes dificuldades em manter sob controlo o território do sul do país.

Os taliban assumiram o controlo do centro de Sangin depois de as tropas de Cabul retirarem.
Reforço das tropas internacionais
De acordo com estimativas norte-americanas, as forças governamentais controlam atualmente menos de 60 por cento do Afeganistão, com o restante em disputa ou controlado pelo taliban.

O mês passado o general John Nicholson disse que a guerra no Afeganistão estava num impasse e que eram necessárias milhares de tropas internacionais adicionais para reforçar a missão de aconselhamento e treino da NATO no país.

A 9 de março, o chefe das tropas norte-americanas no Médio Oriente, o general Joseph Votel, defendeu no Congresso um reforço da presença militar dos Estados Unidos no Afeganistão, numa inversão da estratégia de decréscimo adotada nos últimos anos.

Questionado sobre medidas para ajudar o Governo afegão a recuperar vantagem sobre os rebeldes taliban, o general considerou que "isso implica forças suplementares [norte-americanas] para que a missão de aconselhamento e de assistência seja mais eficaz".

Também na quinta-feira, perante o Senado, o general do exército Curtis Scaparrotti, que é igualmente o supremo comandante aliado da NATO na Europa, afirmou "ter constatado ultimamente a influência da Rússia" sobre os taliban, "influência reforçada em termos de associações e talvez até fornecimento de armas".

Moscovo acusou Washington de recorrer à "mentira"para disfarçar o fracasso da própria política.
Conferência de paz em Moscovo
O Afeganistão foi durante décadas uma República Soviética e Moscovo travou uma guerra durante os anos 80 do séc XX contra os movimentos independentistas e islamitas do país.

O Governo russo tem negado que esteja a fornecer ajuda aos atuais rebeldes taliban. Afirma que a sua influência no Afeganistão é limitada e se destina apenas a trazê-los à mesa das negociações.

Esta sexta-feira os Estados Unidos rejeitaram participar numa conferência de paz sobre o Afeganistão organizada pela Rússia, marcada para 14 de abril em Moscovo e que inlui entre os participantes países como o Paquistão, o Irão ou a Índia.

De acordo com a Sputnik, agência de notícias próxima de Moscovo, os rebeldes taliban não vão participar na conferência.

c/ agências

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