Rússia e Bruxelas afirmam que acordo nuclear com o Irão deve ser preservado

por Lusa

Redação, 25 abr (Lusa) -- A Rússia afirmou hoje que o acordo nuclear iraniano "não tem alternativa" e a União Europeia que "funciona e deve ser preservado", um dia depois do anúncio, pelos EUA e a França, de que pretendem trabalhar num novo tratado.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou hoje, em Moscovo, que o atual acordo sobre o nuclear iraniano "não tem alternativa".

"Defendemos que o acordo seja preservado no seu estado atual. Estimamos que por agora ele não tem alternativa", indicou Peskov à imprensa.

Por seu lado, Federica Mogherini, a chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que o atual acordo nuclear iraniano "funciona" e "deve ser preservado".

"Há um acordo que existe, que funciona e deve ser preservado", afirmou Mogherini em Bruxelas, durante uma conferência de doadores para a Síria.

Durante uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE a 16 de abril, no Luxemburgo, Mogherini tinha já excluído "discutir por em causa os compromissos tomados no quadro do acordo concluído com Teerão sobre o nuclear".

O presidente norte-americano e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, desejaram na terça-feira "trabalhar" juntos para um novo acordo, suscitando o protesto imediato do presidente iraniano, Hassan Rohani, que contestou hoje a legitimidade de um eventual novo acordo sobre o programa nuclear iraniano.

Numa cerimónia em Tabriz (Norte do Irão), Rohani questionou os dois países acerca do que fizeram até agora para aplicar o acordo que querem rever.

"Vocês querem dizer como é que isso deverá ser feito. Digam-nos se vos agrada o que têm feito nos últimos dois anos", acrescentou o presidente iraniano, que acusa frequentemente os ocidentais de faltarem ao cumprimento dos seus compromissos.

A UE participou na conclusão deste acordo assinado em Viena em julho de 2015 depois de anos de negociações entre o Irão e o grupo dos 5+1 (Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Rússia).

Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o seu programa nuclear até 2025.

Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica.

Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco.

Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu "rasgar" o acordo, desejado pelo seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, e fruto de anos de negociações.

Ameaçando passar à ação 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do atual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de maio para o tornar mais severo.

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