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Rússia-Ucrânia. UE pronta para sanções "pesadas", mas vai primeiro tentar via diplomática

por RTP

FOTO: Olivier Hoslet - EPA

A União Europeia está preparada para responder com sanções à Rússia caso esta viole "a soberania e integridade territorial" da Ucrânia. Os 27 estão, porém, a procurar aliviar a tensão entre as duas nações por via diplomática. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros em Bruxelas, no final da reunião do Conselho Europeu.

"O nosso objetivo é muito simples: evitar um conflito armado no leste da Europa, um conflito armado na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia", começou por frisar Augusto Santos Silva, lembrando que a tensão entre as duas partes "está a evoluir negativamente desde 2014".

O ministro dos Negócios Estrangeiros deixou claro que, para já, a União Europeia está a tentar resolver o problema por via diplomática. "Estamos longe de considerar que esteja esgotada a via política e diplomática. Pelo contrário, ela está em curso e deve ser prosseguida", afirmou.

"Há um trabalho em curso. Os Estados Unidos responderão por escrito, como solicitado pela Rússia, possivelmente ainda esta semana, às propostas apresentadas pela Rússia em dezembro passado, e o mesmo fará a NATO", avançou o MNE.

Caso esta via falhe, porém, a União Europeia está preparada para avançar com sanções. "Qualquer agressão contra a Ucrânia, qualquer violação por parte da Rússia da soberania e da integridade territorial da Ucrânia terá uma consequência pesada porque motivará uma resposta" em termos políticos e económicos por parte da UE, sublinhou Augusto Santos Silva.

"Nós estamos preparados para essa resposta", insistiu o ministro, acrescentando que "devemos todos comprometer-nos para evitar qualquer escalada" e para "tomar medidas que desanuviem a atual situação que se vive na e em redor da Ucrânia".

"Temos de compreender todos que a inviolabilidade das fronteiras, a soberania e a integridade territorial dos Estados, a proibição da ameaça do uso da força ou o uso da força e o direito soberano de cada Estado de escolher as suas próprias alianças e parceiros de segurança, são direitos que estão estabelecidos há muito e que estão consagrados na arquitetura de segurança europeia".

O ministro dos Negócios Estrangeiros esclareceu ainda que "nós, europeus, apoiamos a Ucrânia, que tem, neste momento, a sua economia e a sua situação financeira muito prejudicada pela crise que se vive e pelas atitudes agressivas da Rússia".
Governo em contacto com portugueses na Ucrânia
Na reunião em Bruxelas foi ainda discutida a diminuição da dependência da Rússia, nomeadamente a nível da importação de gás e petróleo. O ministro português dos Negócios Estrangeiros diz que, para isso, é preciso que a Península Ibérica tenha melhores ligações para a distribuição de matérias-primas que venham de outras regiões.

Augusto Santos Silva informou ainda que Portugal não vai, para já, retirar o pessoal diplomático de Kiev, como estão a fazer os Estados Unidos. "Nenhum Estado-membro [da União Europeia] vai proceder à retirada do pessoal diplomático", explicou.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Portugal está em contacto com os portugueses na Ucrânia, que são 216, quase todos com dupla nacionalidade. Augusto Santos Silva diz que apenas 30 têm só nacionalidade portuguesa e que o Executivo está a acompanhar mais de perto os que vivem na região onde se pode agudizar o conflito com a Rússia.

Portugal continua a desaconselhar viagens a qualquer título para a região do Donbass, bem como "as viagens não essenciais para a Ucrânia" devido à pandemia de covid-19, por ser um Estado terceiro.
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