Santos Silva admite expulsão da embaixadora venezuelana na UE

por Mário Aleixo - RTP
Augusto Santos Silva admitiu que a UE expulse a embaixadora venezuelana António Cotrim - Lusa

O ministro português dos Negócios Estrangeiros admite que a União Europeia (UE) declare "como persona non grata a embaixadora venezuelana", depois da expulsão da homóloga da UE em Caracas, e criticou o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"A medida mais óbvia é a reciprocidade na declaração como `persona non grata` da embaixadora venezuelana junto das instituições europeias. A decisão ainda não está tomada, implica consenso entre Estados-membros e hoje à tarde (terça-feira) ocorreram reuniões. O gesto do presidente Maduro é excessivo e vai no sentido contrário do apaziguamento, compromisso e diálogo que a Venezuela necessita", afirmou Augusto Santos Silva, em entrevista à SIC Notícias.

Nicolás Maduro expulsou na segunda-feira a embaixadora da UE, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, no país desde maio de 2017, horas depois de a União Europeia sancionar mais 11 funcionários de Caracas.

A medida foi uma resposta a uma decisão da UE de sancionar 11 funcionários da administração venezuelana, acusados de "atuar contra o funcionamento democrático da Assembleia Nacional e de violar a imunidade parlamentar" dos deputados, inclusive do líder opositor e presidente daquele órgão, Juan Guaidó.

Na entrevista, Santos Silva salientou que "a UE quando decreta sanções não o faz à maneira dos Estados Unidos (EUA)".

"Não decretamos sanções que têm como alvo a economia ou a população venezuelana, sancionamos indivíduos. Essas sanções resumem-se a limitações que estão no nosso direito, limitações de que se podem deslocar livremente no espaço da UE e congelamento de ativos financeiros ou patrimoniais na Europa", frisou.

O governante referiu-se à Venezuela como um país mergulhado numa "gravíssima crise humanitária", com "um fluxo de refugiados e de migrantes que é o mais importante de deslocações forçadas na América Latina" e com "uma gravíssima crise económica e social", que não foram causados "pela falta de recursos ou de gente qualificada" no país.

Sobre o pacote financeiro disponibilizado por Bruxelas para apoio a países da América Latina no combate ao impacto socioeconómico da covid-19, avaliado em mais de 900 milhões de euros, o ministro garantiu que essa ajuda não fica em causa por causa das ações do Presidente venezuelano.

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