Nicolas Sarkozy deverá ser julgado por uso da sua influência para controlar informações de um inquérito sobre alegadas irregularidades na sua campanha presidencial de 2007, avançou esta quinta-feira o diário Le Monde. O caso veio ao de cima nas escutas feitas ao antigo Presidente francês a propósito do alegado financiamento da sua corrida ao Eliseu pelo líder líbio Muammar Kadhafi.
O caso ganhou forma depois de os investigadores judiciais que estavam desenvolver escutas no alegado financiamento de Kaddafi à campanha eleitoral de 2007 começarem a suspeitar que Sarkozy teria uma rede de informadores que estaria a usar para controlar fugas num outro caso.De acordo com a lei francesa, um suspeito não está formalmente acusado a não ser que seja levado a tribunal.
O tráfico de influências pode ser punido no país até 5 anos de prisão e multa de meio milhão de euros.
Há uma semana, Sarkozy foi informado de que era suspeito na investigação à campanha eleitoral de 2007. Uma eleição que ganharia, para desempenhar o cargo de Presidente francês até 2012, altura em que perdeu a corrida ao Eliseu para o socialista François Hollande.
Desde essa altura, Sarkozy foi alvo de uma série de investigações ligadas a alegada corrupção, fraude e irregularidades no financiamento da sua campanha. A sombra de um financiamento secreto do antigo líder líbio nunca o abandonou, tendo culminado com a acusação, uma semana atrás, que o elevou à condição de suspeito.
A equipa de defesa de Sarkozy alega que os magistrados envolvidos no processo estão a exceder os seus poderes, acusando-os de “estarem à pesca” quando escutaram as suas conversas com o antigo Presidente entre setembro de 2013 e março de 2014. Quebra de sigilo entre advogado e cliente, apontam.
Seria, no entanto, com base nessas escutas que Nicolas Sarkozy foi acusado de oferecer uma promoção a um promotor público em troca de informações num processo em que um tesoureiro do seu antigo partido e outras pessoas teriam explorado a condição mental de Liliane Bettencourt, a mulher mais rica de França, para garantir os seus donativos.