Secretário da Defesa distancia-se da retórica que Trump reserva aos jornalistas

por RTP
Mike Segar, Reuters

O secretário da Defesa disse este sábado não ter qualquer problema com os meios de comunicação, distanciando-se desta forma da avaliação feita pelo presidente Donald Trump dos media como “o inimigo do povo americano”. Uma afirmação produzida por Jim Mattis aquando da sua primeira viagem ao Médio Oriente e que promete nova brecha na Administração.

“Já tive períodos bastante controversos com a imprensa. Mas não, a imprensa, na minha opinião, representa um eleitorado com que temos de lidar. E não tenho nenhuma questão com a imprensa, pessoalmente”, sublinhou Mattis.

A declaração contraria toda a gramática que vem sendo desenvolvida pela equipa de Trump na Casa Branca para lidar com uma imprensa incómoda que o questionou enquanto candidato e continua a procurar esclarecer posições menos ortodoxas sustentadas por aquele que será nos próximos quatro anos o líder dos americanos.

“Notícias falsas”, “mentirosos”, “corruptos” e “imprensa falsa” – epítetos a que o staff de Trump opôs os seus “factos alternativos” – são apenas algumas das pedras angulares da retórica trumpiana transposta das sedes de campanha para a Sala Oval da Presidência neste primeiro mês de Donald Trump em Washington.

Parecia ser uma linguagem transversal à Administração, que comprometia todas as figuras da equipa do presidente, mas há agora uma nota fora de tom na sinfonia rudimentar que é a presidência Trump: Jim Mattis, o secretário da Defesa, não tem em si essa animosidade que move as outras peças que rodeiam Donald Trump, desde Steve Bannon (o assessor mais importante do presidente) a Kellyanne Conway (conselheira da Casa Branca), passando por Sean Spicer (director de comunicação e porta-voz da Casa Branca).


Mattis, um fuzileiro na reforma chamado a ocupar um dos cargos mais importantes na equipa de Trump e visto como uma das vozes mais influentes na Administração, foi questionado acerca desde tuite do presidente em que os meios de comunicação são referidos como "o inimigo da América".

Aqui, o secretário da Defesa preferiu outra direcção: “Já tive períodos de maior controvérsia com a imprensa. Mas não… não tenho nenhuma questão com a imprensa, pessoalmente”, respondeu aos jornalistas que o acompanham na deslocação oficial aos Emirados Árabes.
pub