Senado pronto a confirmar candidato de Trump a procurador-geral

por Graça Andrade Ramos - RTP
William Barr, durante a sua audição perante o Senado norte-americano, enquanto candidato a procurador-geral dos EUA, em janeiro de 2019 Reuters

Após ser votado terça-feira 55-44 para procurador-geral dos EUA, William Barr, o candidato do Presidente Donald Trump, poderá ser confirmado já esta quarta-feira, pelo Senado norte-americano.

A votação seguiu sobretudo linhas partidárias, numa câmara dominada pelos republicanos e apesar dos receios expressos pelos democratas do que a nomeação de Barr poderá significar para a investigação sobre a intervenção russa dirigida por Robert Mueller.

William Barr, de 68 anos, é membro do partido republicano e fez carreira como advogado corporativo. Serviu como o 77º procurador-geral dos EUA entre 1991 e 1993, sob o Presidente George W.Bush. Barr tem sido elogiado pelos membros do Capitólio de ambos os partidos, como alguém familiarizado com o Departamento de Justiça e cuja carreira nada deve a Donald Trump.

Se conseguir o cargo, esta alegada independência será testada quando Mueller finalizar a sua investigação às suspeitas de ligações entre Trump e a Rússia, durante a campanha eleitoral em 2016.

O atual Presidente tem denunciado a investigação como uma "caça às bruxas" e nega qualquer conluio com Moscovo.

Barr já disse que iria deixar Mueller concluir as suas investigações e prometeu também tornar público o máximo que pudesse das conclusões.

A sua aparente relutância em comprometer-se com a divulgação do relatório final na sua totalidade é contudo algo que preocupa muitos democratas. Receiam que Barr venha a suprimir as porções da investigação que tratam das tentativas de Trump para obstruir as investigações.

Os republicanos estão por seu lado confiantes de que Barr irá publicar tudo o que puder do relatório.

Ronald Vitiello, diretor em exercício da Agência da Imigração e Alfândegas Foto: Reuters
Vitiello por um fio
Outro nome proposto por Trump, desta vez para liderar a Agência da Imigração e Alfândegas (ICE), Ronald Vitiello, deverá ser vetado. O Comité do Senado para a Segurança Interna, adiou esta quarta-feira e pela segunda-vez, a votação sobre o candidato, após surgirem suspeitas de racismo.Vitiello, um ex-agente de topo da Proteção de Alfândegas e Fronteiras, foi nomeado diretor em exercício do ICE no verão, pouco depois de Trump ter posto fim à controversa separação de pais e filhos na fronteira sul dos EUA.

O presidente da Comissão, o republicano Ron Johnson, escusou-se a adiantar as razões do adiamento, mas este surgiu um dia depois do sindicato dos funcionários de ICE ter pedido aos senadores para bloquearem a nomeação, devido a comentários controversos e raciais feitos por Vitiello na rede social Twitter.

Johnson afirmou apenas que "se mantêm questões" sobre o candidato. Já o membro sénior dos democratas no Comité, Gary Peters, disse numa entrevista que existem "receios bipartidários" relacionados com tweets publicados por Vitiello no passado e com o facto de alguns agentes do ICE não o suportarem.

"Penso que será muito difícil ao Comité aprova-lo", disse Peters.

O sindicato dos funcionários do ICE aponta vários receios quanto a Vitiello, desde acusações de retaliações contra denunciantes, até publicações ofensivas quando era agente da Proteção de Alfândegas e Fronteiras.

Num desses tweets, o agora candidato sugeriu que o Partido Democrata deveria ser renomeado "NeoKlanist", numa referência ao KuKlux Klan, uma organização supremacista branca.

Noutra publicação, Vitiello comparou Donald Trump, então candidato, ao personagem de banda-desenhada cómica e de televisão "Dennis The Menace".
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