Senado questiona autoridade de Trump para lançar ataque nuclear

por RTP
Senadores preocupados com as atitudes de Donald Trump em relação à segurança nacional Reuters

Um comité do Senado norte-americano realizou esta terça-feira uma audição sobre a autoridade do Presidente para desencadear um ataque nuclear. É a primeira vez em quatro décadas que se questiona essa prerrogativa do inquilino da Casa Branca.

O tema - e as dúvidas dos congressistas - correm pelos meandros da política norte-americana devido à tensão com a Coreia do Norte. E em particular às reações do Presidente Donald Trump no Twitter.
Trump, observa a edição online da CNN, tem recebido "múltiplos briefings sobre o ciclo de lançamento de armas nucleares e de outro armamento convencional.
O senador Bob Corker, republicano e líder do comité do Senado para as Relações Internacionais, reconheceu que os senadores levantaram questões sobre a capacidade de Trump para iniciar uma guerra, utilizar armas nucleares ou pôr termo a acordos internacionais.

O mesmo legislador afirmava no mês passado que o atual Presidente dos Estados Unidos poderia estar a colocar o país "no caminho da III Guerra Mundial". Já esta terça-feira veiu garantir que a audição não se destinou a avaliar "ninguém em particular".

De forma mais clara, vários democratas têm manifestado preocupação com a política levada a cabo pelo sucessor de Barack Obama. O senador Chris Murphy afirmou recentemente que estão "preocupados" com a possibilidade de "o Presidente dos EUA ser tão instável, tão volátil, que possa ordenar um ataque nuclear fora dos interesses nacionais de segurança".
"Nada acontece automaticamente"

Uma das personalidades ouvidas durante a audição foi o general reformado Robert Kehler, outrora responsável pelo Comando Estratégico dos EUA. Este general afirmou que os militares podem, no limite, recusar seguir uma ordem tida como ilegal.

"Este é um sistema controlado por seres humanos. Nada acontece automaticamente", afirmou o general, referindo-se às salvaguardas do sistema destinadas a acautelar a legalidade e a proporcionalidade de tal opção bélica.

Kehler explicou que o processo de decisão "inclui avaliação, revisão e consultas entre o Presidente e líderes civis e militares, seguindo-se a transmissão e a implementação de qualquer decisão presidencial pelas forças propriamente ditas".



"Se houver uma ordem ilegal apresentada aos militares, estes são obrigados a recusar-se a cumpri-la", concluiu o general.

Também Peter Feaver, professor de políticas públicas e ciência política na Universidade Duke, sublinhou que qualquer ordem de ataque nuclear terá de ser antecedida de um processo de consultas e revisão.

"O sistema não é um botão ao qual o Presidente possa acidentalmente encostar-se na secretária e imediatamente levar a que mísseis levantem voo, como algumas pessoas temem", fez notar.
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