Separação de famílias: ex-chefe da CIA denuncia paralelos com o nazismo

por RTP
Michael Hayden Larry Downing, Reuters

O antigo director da CIA Michael Hayden manifestou ontem a sua preocupação com a possibilidade de os EUA adoptarem políticas xenófobas comparáveis à da Alemanha nazi. Trump recalcitra entretanto na defesa dessa política.

Michael Hayden divulgou no fim de semana um tweet com uma imagem do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, aludindo às analogias entre a retirada das crianças aos seus pais, quando estes se apresentem na fronteira dos Estados Unidos sem passaporte visado.

Ontem, segundo artigo publicado no site da CNN, admitiu que pode ter exagerado na comparação e desculpou-se perante as pessoas que se tenham sentido ofendidas.

Mas depois explicou: "Eu tentava sublinhar que precisamos de ser cuidados para não irmos naquela direcção". E acrescentou: "Já outros governos separaram as mães dos seus filhos".

O antigo chefe da CIA explicou também que o seu tweet pretendia chamar a atenção para a forma como a Alemanha passou de ser uma sociedade democrática a ser a nação que perpetrou o Holocausto: "Em 1933, o que vimos nós na Alemanha? Um culto da personalidade, uma culto do nacionalismo, um culto da lamentação, uma imprensa semelhante ao Ministério da Propaganda e depois a perseguição de grupos marginalizados".
Trump acusa Merkel de falsear estatísticas

O presidente norte-americano, submetido a uma pressão crescente contra a sua política de separar pais e filhos na fronteiras, parece entretanto ter optado por uma fuga para a frente. E, nessa fuga, envolveu-se na delicada discussão que agita o Governo alemão.

Os social-cristãos da CSU, encabeçados pelo ministro do Interior Seehoffer, lançaram um ultimato à chanceler democrata-cristã Angela Merkel e aos seus parceiros de coligação social-democratas no sentido de clarificarem a sua política num prazo máximo de 15 dias. Um dos habituais tweets de Trump veio juntar-se a essa pressão sobre Merkel, afirmando que a entrada de refugiados fizera subir em 10 por cento a criminalidade no país.




Merkel reagiu à afirmação de Trump, dizendo que a estatística mostra "ligeiros desenvolvimentos positivos" e que a criminalidade tem vindo a recuar. E o próprio adversário de Merkel nesta polémica, Seehoffer, veio a terreiro com a sua autoridade de ministro do Interior sustentar que a criminalidade nunca foi tão baixa desde 1972.

Hoje, Trump voltou à carga com um novo tweet, desta feita sustentando, segundo Der Spiegel, que a estatística só parece estar contra a sua tese, porque tem sido manipulada e falseada pelas autoridades alemãs para apresentar uma imagem inofensiva dos refugiados.

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