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Sermão nas exéquias de Floyd: "Tirem o joelho do nosso pescoço"

por RTP
Lucas Jackson, Reuters

Al Sharpton, ministro da igreja baptista que tinha a seu cargo pronunciar o sermão nas exéquias de George Floyd, traçou um quadro dramático de quatro séculos de discriminação racial nos EUA, realçando o simbolismo de que se revestiu o assassínio de George Floyd e concluiu com uma intimação aos supremacistas brancos: "Tirem o joelho do nosso pescoço".

No seu emotivo discurso, sempre dirigindo-se aos racistas, o reverendo Al Sharpton lembrou que o afroamericano Michael Jordan se tornou o maior jogador de basquetebol de todos os tempos, e no entanto, "vocês armam confusão, por serem incapazes de tirar o joelho do nosso pescoço".

Lembrou também que "donas de casa brancas vão a correr para casa para ver na televisão uma mulher negra chamada Oprah Winfrey. Não queiram meter-se com ela, mas vocês não conseguem mesmo tirar o joelho do nosso pescoço".

Depois, aludindo à eleição de Obama para a presidência, disse: "Um homem originário de uma família monoparental educa-se a si próprio e chega a presidente dos Estados Unidos e vocês pedem-lhe a certidão de nascimento, porque não conseguem tirar o joelho do nosso pescoço".



Depois de ter dado diversos exemplos de preconceito racial, Sharpton prosseguiu, dirigindo-se sempre aos supremacistas brancos: "Há uma diferença entre paz e silêncio. Vocês não querem paz, vocês só querem silêncio". 

E daí passou a apresentar um programa de mobilização popular: "Nós vamos organizar-nos nos próximos meses. Vamos ter à cabeça a Família Floyd. Vamos ter à cabeça a família Garner [do negro também asfixiado por um polícia em 2014]. Depois, aludindo à grande manifestação de 1963 pelos direitos cívicos, acrescentou: "Temos de voltar a Washington na senda de Lincoln e dizer-lhes: 'É tempo de acabarmos com isto'".

Sobre a morte de George Floyd, disse: "[Ele] não devia estar morto. Ele não morreu de problemas de saúde comuns. Ele morreu de uma injustiça americana comum. É tempo de nos erguermos em nome de George e de dizermos: 'Tirem o vosso joelho do nosso pescoço'".
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