Síria. Ataque com mísseis pode ter sido "falso alarme"

por Sandra Salvado - RTP
Reuters

Há dúvidas sobre a existência de um novo ataque na Síria esta madrugada. Tudo pode não ter passado de um falso alarme que levou a defesa aérea de Damasco a disparar. Fontes militares sírias avançam que a falha do sistema se deveu a um ataque eletrónico feito pelos Estados Unidos e Israel contra o sistema de radares sírio. O Pentágono desmentiu qualquer ofensiva atual contra a Síria e Israel não faz “comentários a este tipo de informações”.

Terá sido um falso alarme o alegado ataque a uma base militar síria, que levou à ativação das defesas antiáereas, na madrugada desta terça-feira. Citado pela agência Reuters, o comandante militar que apoia o governo de Bashar al-Assad disse que não houve afinal nenhum novo ataque.

Sob anonimato, o militar acrescenta ainda que terá sido um ataque eletrónico conjunto por parte de Israel e dos Estados Unidos contra o sistema de radares da Síria que originou o alarme e, consequentemente, os disparos em vão dos mísseis de defesa antiaérea. Uma situação que está a ser analisada por especialistas russos.

A televisão síria anunciou durante a noite que um ataque com mísseis atingiu a base aérea de Shayrat, em Homs, e que as defesas antiaéreas foram ativadas devido a um ataque com mísseis. As informações dão conta da interceção de vários mísseis junto a duas bases militares, uma na região de Homs e outra a nordeste da capital Damasco.
Sistemas "ativados inadvertidamente"
No entanto, as informações são contraditórias. Fontes militares sírias citadas pelo Haaretz também avançam que os sistemas de defesa foram ativados inadvertidamente e negam o ataque com mísseis contra a base aérea de Shayrat, alegando que se tratou de um falso alarme.

Fontes próximas do Governo sírio, citados pelo mesmo jornal, admitem a hipótese de os mísseis terem sido lançados por Israel, que já veio dizer que não comenta.

A ação militar surge três dias depois do ataque pelos Estados Unidos, França e Reino Unido como resposta ao ataque com armas químicas, em Douma, no dia 7 de abril. Os alvos da ação foram centros militares do regime de Bashar al-Assad.

A base aérea de Shayrat foi alvo de ataques americanos no ano passado em resposta a um ataque com armas químicas no norte da Síria, atribuído ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
O exército sírio aponta como possibilidade que o ataque tenha sido conduzido por aviões israelitas, uma vez que terão entrado em espaço aéreo sírio pelo lado do Líbano.


Já o Hezbollah, a milícia pró-iraniana, fez saber que as defesas aéreas sírias tinham intercetado três mísseis disparados contra o aeroporto militar de Dumair, a nordeste da capital. Um porta-voz do Pentágono negou perentoriamente: “Não há atividade militar dos EUA nessa área, neste momento”.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou a ocorrência de fortes explosões ouvidas perto da base aérea de Al-Chaayrate, na província de Homs, e na região de Qualamoun, perto de Damasco, onde estão situadas outras duas bases aéreas.

A televisão oficial síria declarou que se trata de "uma agressão", sem precisar quem está na origem destes ataques.
Inspetores de armas químicas na Síria
Os técnicos da Organização para a Proibição de Armas Químicas têm autorização para visitar na quarta-feira o local do alegado ataque químico. A luz verde foi dada pela Rússia à equipa internacional que se encontra no país desde sábado mas que não foi ainda autorizada a visitar Douma, cidade a cerca de dez quilómetros da capital Damasco que terá sido palco do ataque químico.

A Síria e a Rússia negaram o alegado ataque de 7 de abril e as autoridades russas apelidaram-no mesmo de “encenação”. Uma semana depois, EUA, Reino Unido e França responderam com ataques militares de retaliação contra alvos do regime sírio.

Os inspetores deverão recolher amostras de solo e outras para tentarem identificar possíveis substâncias usadas no ataque. Contudo, o enviado dos EUA mostrou-se preocupado com a possibilidade de a Rússia ter visitado o local e tê-lo adulterado para impedir a investigação.

O ministro russo das Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, garantiu na segunda-feira à BBC que “a Rússia não adulterou o local” e que as alegadas provas foram apenas “baseadas em relatos de media e redes sociais”.

Em entrevista à BBC, Sergei Lavrov acusa os Estados Unidos, França e Reino Unido de não terem provas do uso de armas químicas e diz que os aliados castigam antes de investigar.


c/agências
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