Situação estabilizada em Alindao, palco de massacre na República Centro Africana

por Lusa

Redação, 18 nov (Lusa) - A situação em Alindao, República Centro Africana, onde na semana passada confrontos entre grupos opositores fizeram dezenas de mortos, está estabilizada, disse à Lusa o porta-voz da missão militar da ONU, que reforçou o contingente na região.

Falando à agência Lusa por telefone, o porta-voz da Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro Africana (Minusca), Vladimir Monteiro, disse que "a situação continua tensa mas não houve mais confrontos desde sexta-feira, quando ainda se registaram alguns tiros".

Vladimir Monteiro indicou que, na altura do começo dos confrontos, estava em Alindao "uma base pequena, com cerca de 50 soldados, o que é pouco, tendo em conta o número de deslocados, cerca de 20 mil".

Antes dos confrontos, "a situação era calma" para as cinco dezenas de capacetes azuis mauritanos, mas dada a gravidade da situação, foram "reforçados com pessoal do Burundi", referiu à Lusa, sem quantificar quantos soldados foram enviados.

"O que aconteceu foi um acidente isolado na quinta-feira, quando os antibalaka [milícias anti-muçulmanas] mataram quatro muçulmanos. Aqui, o hábito é haver, depois destes ataques, uma reação desproporcionada da comunidade muçulmana", disse.

Na resposta, o grupo União para a Paz na República Centro Africana atacou um campo de deslocados e morreram pelo menos 37 pessoas, segundo um relatório interno da Organização das Nações Unidas a que a agência France-Press teve acesso.

Dois padres estão entre os mortos no ataque, em que foram incendiados um convento e uma igreja católica.

O porta-voz da Minusca afirmou à Lusa que naquela região não estão empenhados elementos do contingente português atualmente na República Centro Africana na missão da ONU.

Vladimir Monteiro afirmou que "há zonas do país a que a paz regressou, quando foram conseguidos acordos de paz locais", mas que "há zonas em que a violência pode explodir a qualquer momento".

A instabilidade da situação também se explica porque "os antibalaka não são um grupo unificado e não obedecem a um comando único", afirmou à Lusa.

Portugal tem naquele país uma força nacional destacada, composta por 156 militares, na maioria paraquedistas, que chegou em setembro.

A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka. A Minusca está no país desde 2014.

O conflito na RCA, que tem o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

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