Southwest contestou redução de prazos entre inspeções dos motores dos seus aparelhos

por RTP
Peritos em torno do Boeing 737-700 que perdeu um dos motores em pleno voo, terça-feira de 17 de abril, devido a fadiga de metal de uma das pás da hélice. O incidente provocou um morto. Reuters

A Administração Federal norte-americana para a Aviação (FAA) ordenou a aplicação de uma diretiva que irá obrigar à inspeção de cerca de 220 motores de avião a jato. A decisão segue-se ao incidente com um aparelho comercial da Southwest Airlines, na terça-feira, que resultou na morte de uma pessoa.

Uma pá da hélice do motor da asa esquerda partiu em pleno voo e o motor explodiu. Os destroços do modelo CFM56 partiram uma janela do Boeing 737-700 e atingiram uma passageira, que quase foi sugada para fora do aparelho e que acabou por morrer.

O incidente, ocorrido sobre a Pensilvânia durante o voo Southwest 1380, foi o segundo em dois anos na mesma companhia.

Está a ser investigado e as primeiras conclusões referem que a pá hélice se partiu por fadiga de material.

A Southwest está ela própria a ser avaliada e há provas de que a empresa contestava desde há dois anos, como exagerados, os novos prazos de inspeção requeridos pelo seu fabricante de motores a jato, CFM, após um incidente ocorrido em agosto de 2016.

Nessa altura, um dos aparelhos da Southwest teve de realizar uma aterragem de emergência na Florida, devido à separação de uma das pás de hélice de um motor.

Fragmentos da pá rasgaram a fuselagem da asa e inspeções posteriores ao motor detetaram sinais de fadiga do metal.
Prazos de 18 meses entre inspeções
Os comentários da Souhwest estão publicados online num site federal norte-americano e a agência Reuters acedeu-lhes.

Revelam propostas da CMF, uma parceria da General Electric com a francesa Safran, para realizar inspeções aos seus motores num prazo máximo de 12 meses.

A empresa contesta os custos que estas operações poderiam acarretar, exigindo pelo menos 18 meses entre as inspeções e apenas para um número limite de pás, não para todas as 24 que cada motor inclui.

"A SWA não apoia o comentário da CFM sobre a redução do tempo de conformidade para 12 meses", escreveu a empresa num fórum onde companhias aéreas e indivíduos podem comentar as regras propostas.

As empresas de aviação comercial não são obrigadas por lei ao exame de todas as pás da hélice de um motor a jato.

Estas podem não só ser substituídas ou reparadas independentemente do resto do engenho, como também trocadas entre motores, o que implica que as empresas que não mantêm registos destas operações vão ser obrigadas a inspecionar mais motores do que o previsto pela FAA, aumentando custos e tempo de reparação.
Reparação e troca de pás
A ordem de inspeção da FAA é uma diretiva para comprovar a prontidão de voo e irá requerer uma inspeção ultra sónica às hélices de todos os motores CFM56-7B usados acima de um certo número de descolagens.

Foi proposta em agosto passado, mas a contestação das companhias atrasou a sua implementação. A FAA afirmou esta quarta-feira que deverá estar completa em duas semanas.

A Southwest refere nos seus comentários que teria de inspecionar cerca de 730, motores numa das duas categorias sob avaliação - um número muito superior a estimativa de 220 motores que a FAA calcula tenham de ser inspecionados em toda a frota nos Estados Unidos.

Não foi só a empresa de Dallas a exigir prazos mais alargados ao fabricante ou a sugerir outras alterações, à medida que a CFM International, a FAA e a sua congénere europeia, propunham maior número de inspeções, o ano passado, a potenciais pás fissuradas.

A American Airlines foi uma das contestatárias.
Incidente "muito preocupante"
Ainda esta quarta-feira, o responsável pela Segurança Nacional de Transportes, Robert Sumwalt, afirmou em conferência de imprensa que o incidente de terça-feira teve início quando uma das 24 pás do motor se separou do centro da hélice.

Os peritos, disse Sumwalt, concluíram que a pá tinha sofrido fadiga de metal no local onde se partiu: o ponto de ligação ao resto da hélice.

Registou-se ainda uma segunda fissura até cerca de metade ao longo da pá. De acordo com Sumwalt, nehum indício da fadiga de metal seria detetável olhando a partir do exterior do motor. Os investigadores têm estado a detetar com radares e a recolher pedaços do motor na Pensilvânia, ao longo do trajeto do Boeing 737-700.

O responsável recusou afirmar que este problema poderia estender-se a todos os aparelhos Boeing 737-700.

"Queremos perceber cuidadosamente quais os resultados deste problema e, como já disse, estou muito preocupado com esta ocorrência em particular", disse Sumwalt aos jornalistas.

De acordo com os passageiros, só o sangue frio e os "nervos de aço" da piloto de 58 anos, Tammie Jo Shults, impediram uma tragédia.

Tammie Jo Shults, uma das primeiras mulheres piloto de caças na aviação naval dos EUA, e o co-piloto, Darren Ellisor, afirmaram em comunicado que apenas "servimos os nossos passageiros a bordo do voo 1380 e consideramos que apenas cumprimos com as nossas funções. Os nossos corações estão pesados".

Ambos afirmam estar a colaborar nas investigações e recusam falar com os jornalistas.
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