Submarinos: polícia israelita pede acusação contra advogado de Netanyahu

por Joana Raposo Santos - RTP
Os suspeitos deverão ser acusados de suborno, fraude, quebra de confiança e lavagem de dinheiro Paul Darrow - Reuters

A polícia israelita recomendou esta quinta-feira aos procuradores do Estado que indiciem o advogado do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, assim como cinco outras figuras públicas, pela suspeita de suborno relacionado com a aquisição de submarinos e navios militares no valor de centenas de milhões de dólares. O caso, que teve início em 2016, foi já considerado um dos maiores esquemas de corrupção do país e há quem peça a demissão de Netanyahu.

A investigação à venda dos três submarinos e quatro navios de patrulha teve início há dois anos, depois de um canal televisivo israelita ter revelado que David Shimron, advogado e primo afastado de Benjamin Netanyahu, também representava o agente local da empresa alemã Thyssenkrupp Marine Systems, fornecedora de navios de guerra e submarinos, o que poderia significar um conflito de interesses.

“Não cometi nenhum crime”, garantiu Shimron. O seu advogado também já declarou que Shimron não esteve envolvido no negócio dos submarinos e navios, que foram vendidos a Israel por cerca de dois mil milhões de dólares.

As autoridades dizem, no entanto, ter provas suficientes para acusar formalmente Shimron e os restantes suspeitos: o antigo chefe do Conselho Nacional de Segurança, Avriel Bar-Yosef; o ex-chefe da Marinha, Eliezer Marom; David Sharan, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro; o ex-ministro Eliezer Sandberg e o brigadeiro-general Shay Brosh.De acordo com a polícia israelita, os seis suspeitos deverão ser acusados de suborno, fraude, quebra de confiança, lavagem de dinheiro e outros crimes menores.

Shimron é suspeito de mediar subornos, agindo em representação da Thyssenkrupp de modo a promover o acordo entre Israel e a empresa alemã, aproveitando-se, para esse efeito, da proximidade com o primeiro-ministro e outros responsáveis. É ainda suspeito de fraude e lavagem de dinheiro.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, chegou a ser interrogado pela polícia no âmbito da investigação, mas não foi considerado suspeito. É, no entanto, suspeito em três outros casos de corrupção.

Um porta-voz da alemã Thyssenkrupp já referiu que a empresa ainda não possui informações confirmadas acerca do assunto. “Assim que conhecermos todos os factos, iremos examinar as medidas a tomar dentro das possibilidades jurídicas”, acrescentou.
“Deve demitir-se”
O líder do Partido Trabalhista israelita, Avi Gabbay, afirmou esta quinta-feira que as suspeitas que recaem sobre os confidentes do primeiro-ministro apontam para uma “traição”.

“Roubar dinheiro às Forças de Defesa de Israel é um ato de traição contra os militares. Com esse dinheiro poderíamos ter comprado veículos blindados para substituir os antigos veículos que os nossos soldados utilizaram para entrar em Gaza há quatro anos”, declarou.

“Se o primeiro-ministro tinha conhecimento do envolvimento dos seus confidentes, deve demitir-se”, defendeu. “Se não sabia, deve demitir-se na mesma, pois não está apto para liderar as nossas forças de defesa”.

Com a investigação concluída, a polícia israelita revelou a existência de numerosas falhas nas práticas operacionais levadas a cabo por vários órgãos governamentais relativamente a aquisições no setor da Defesa, solicitando uma revisão dos procedimentos para que não voltem a ocorrer ilegalidades.
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