Supremo Tribunal do Brasil autoriza abertura de nova investigação contra Michel Temer

por Lusa

São Paulo, Brasil, 12 set (Lusa) - O juiz Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, autorizou hoje a abertura de uma investigação contra o Presidente Michel Temer, suspeito de ter beneficiado ilicitamente uma empresa que atua no maior porto do país.

Michel Temer será investigado juntamente com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures neste caso que veio a público em maio, junto com outras denúncias que envolvem membros do Governo brasileiro.

Na decisão, o juiz do STF justificou que existem indícios para levar o caso para a frente.

"Os elementos colhidos revelam que Rodrigo Rocha Loures, homem sabidamente da confiança do Presidente da República, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o próprio Presidente da República, em troca da edição de ato normativo de específico interesse de determinada empresa, no caso, a Rodrimar", escreveu o juiz.

O juiz Luís Roberto Barroso considerou que "ninguém deve ser indiferente ao ônus pessoal e político de uma autoridade pública, notadamente o Presidente da República, figurar como investigado em procedimento dessa natureza".

No entanto, acrescentou que "este é o preço imposto pelo princípio republicano, um dos fundamentos da Constituição brasileira, ao estabelecer a igualdade de todos perante a lei".

O pedido de investigação foi feito pelo Procurador-geral do Brasil, Rodrigo Janot, em agosto.

O procurador brasileiro apontou numa petição enviada ao STF que existem indícios de que Michel Temer e o ex-deputado teriam cometido os crimes de corrupção e branqueamento de capitais na edição de um decreto sobre portos que favoreceu a empresa Rodrimar.

A nova investigação foi baseada em documentos apreendidos pela polícia e escutas telefónicas feitas ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.

Num dos telefonemas, o ex-deputado pede a um membro do Governo que acrescente ao decreto dos portos uma norma que alegadamente beneficiaria a empresa Rodrimar.

Em outra escuta telefónica que foi monitorada pela polícia brasileira, o mesmo Rodrigo Rocha Loures conversa com um dos executivos da Rodrimar sobre as articulações que fez junto do Governo para que editasse o decreto dos portos.

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