Taipé e Washington comprometem-se a reforçar laços face a pressão de Pequim

por Lusa
Fabian Hamacher - Reuters

Taiwan e os Estados Unidos comprometeram-se na quarta-feira a reforçarem os laços bilaterais, num momento em que a China intensifica a pressão sobre a ilha, após Washington ter desbloqueado os contactos de alto nível com Taipé.

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o vice-secretário adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Alex Wong, prometeram reforçar os vínculos bilaterais sobre os já existentes em torno da democracia e do mercado livre, afirmou a agência taiwanesa CNA.

Tsai reiterou o agradecimento ao Presidente dos EUA, Donald Trump, pela assinatura da Lei de Viagens de Taiwan, promulgada no fim-de-semana passado, e que desbloqueia visitas de alto nível a Taiwan.

A líder taiwanesa considerou que as visitas de altos funcionários norte-americanos - apesar de Washington não ter relações diplomáticas com Taiwan -, contribuem para "facilitar o diálogo em temas importantes, desde a economia digital à Nova Política para o Sul" da ilha.

"Acredito que as visitas atestam o grande alcance da nossa cada vez mais estreita associação bilateral", afirmou Tsai, que considerou a defesa comum da democracia e do mercado livre como as bases da cooperação com Washington.

"Isto não mudará. Partilhamos um interesse comum em proteger estes valores e promover o seu desenvolvimento na região", acrescentou.

Alex Wong destacou o grande valor da experiência democrática e desenvolvimento de Taiwan para outros países na região.

"Podemos estar seguros de que a democracia e o desenvolvimento de Taiwan são um exemplo para toda a região do Indo-Pacífico", disse.

O representante norte-americano defendeu o direito de Taiwan em participar em organismos internacionais, algo a que Pequim se opõe, afirmando que Taipé "não deve ser excluído injustamente", porque "tem muito que partilhar".

No mesmo dia, a porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, apelou aos EUA que travem "qualquer forma de intercâmbio oficial e contacto com Taiwan".

"Apelamos aos EUA que cumpram com o princípio uma só China", disse, instando a administração de Trump a gerir de "forma prudente" e "adequada" as relações com Taiwan, visando evitar danos "graves" nas relações com Pequim e na estabilidade regional.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China, mas Pequim considera-a uma província chinesa e ameaça usar a força caso declare independência.

As relações entre Pequim e Taipé atravessam um período de renovada tensão, após a ascensão ao poder, em maio de 2016, da presidente taiwanesa Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, pró-independência.

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