Talibãs querem intervir na Assembleia Geral da ONU

por Lusa

O regime talibã que governa o Afeganistão pediu para intervir nas reuniões da 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que decorrem desde hoje até segunda-feira, confirmou hoje o porta-voz da ONU.

O pedido consta de uma carta enviada pelo ministro do Exterior talibã, Amir Khan Muttaqi, ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que indica ainda a nomeação de um novo representante do Afeganistão, em substituição do atual embaixador, Ghulam Isaczai, escolhido pelo Governo afegão deposto.

Antes da carta do ministro do Exterior, a ONU já tinha recebido uma outra de Ghulam Isaczai, apresentando-se como o líder da delegação do país nas reuniões.

Segundo o porta-voz da ONU, Farhan Haq, as duas cartas foram endereçadas ao comité de credenciais da Assembleia Geral, organismo formado por nove países, entre os quais Estados Unidos, China e Rússia.

Vários países já estabeleceram contactos com o Governo talibã desde que assumiu o poder, principalmente para organizar evacuações e fornecer ajuda humanitária a civis, embora não haja ainda reconhecimento formal da sua autoridade.

Após quase duas décadas de presença de forças militares norte-americanas e da NATO, os talibãs tomaram o poder em Cabul a 15 de agosto, culminando uma rápida ofensiva que os levou a controlar as capitais de 33 das 34 províncias afegãs em apenas 10 dias.

Desde então, os combatentes islamitas radicais asseguraram em várias ocasiões a intenção de formar um Governo islâmico "inclusivo", que representasse todas as tribos e etnias do Afeganistão, mas em 07 de setembro anunciaram um governo totalmente masculino, só com ministros talibãs, incluindo veteranos da sua linha dura, que governou o país entre 1996 e 2001, e da luta de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.

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