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Tecnologia está a mudar a vida de milhares de agricultores no Quénia

por Lusa

Nairobi, Quénia, 15 out (Lusa) -- Vender produtos agrícolas a preços justos e acessíveis é um desafio para milhares de agricultores do Quénia que encontraram na tecnologia móvel da Twiga Foods um suporte para chegar aos mercados urbanos.

A empresa, fundada em 2014 e sediada em Nairobi, desenvolveu uma plataforma que liga cerca de 9.000 agricultores aos mais de 5.000 vendedores de rua que compram os seus produtos, disponibilizando todas as informações relativas a encomendas, entregas e colheitas e executando os pagamentos de forma digital.

"Começámos por vender bananas, mas atualmente fornecemos um cabaz de 14 produtos agrícolas e alimentares", disse o responsável da unidade de processamento e armazenagem da Twiga Foods, George Yara, durante uma visita às instalações, em Nairobi.

Por ali passam diariamente entre 120 a 150 toneladas de frutas e vegetais. São pesados, selecionados, separados e embalados para distribuição imediata aos vendedores ou ficam armazenados até atingirem o estado ideal de amadurecimento, que pode chegar a dez dias no caso das bananas.

As bananas continuam a representar a maioria das vendas da Twiga Foods (70%), que se apresenta como o principal fornecedor deste fruto no Quénia, mas a empresa tem adaptado a sua oferta. Atualmente fornece também batatas, tomate, cebolas, abacates e couves, entre outros produtos agrícolas e começou recentemente a apostar em alimentos de grande consumo como a farinha, arroz e óleo alimentar.

Os produtos agrícolas são recolhidos em 20 condados e enviados para os 40 centros de recolha distribuídos pelo país, a partir dos quais serão transportados para a central de Nairobi.

São depois entregues a 5.000 vendedores de rua de Nairobi e das cidades vizinhas de Machakos e Thika, que têm como principais clientes os consumidores mais pobres destas áreas urbanas, que não podem comprar habitualmente nos supermercados ou não possuem frigoríficos para conservar os alimentos

É fácil encontrar estes vendedores, conhecidos localmente como `mama mboga`, nas ruas de Naioribi. São donos de pequenos negócios e trabalham em instalações precárias, muitas vezes lado a lado com restaurantes igualmente improvisados onde se cozinham chapatis (pão tradicional) e guisados de legumes em fogões a carvão.

Durante uma entrega de bananas, um funcionário da Twiga Foods mostra como funciona a aplicação no telemóvel: "o primeiro passo é o registo dos produtores e vendedores no sistema. A partir daí, podem gerir diretamente as suas encomendas e fazer os pagamentos digitalmente através um serviço bancário móvel", relata, enquanto desliza os dedos pelos ícones que aparecem no écran do aparelho.

Segundo a Twiga Foods, todos têm a ganhar. Os produtores conseguem melhores preços graças a eliminação de intermediários na cadeia de abastecimento e tem sempre garantia de colocação dos seus produtos no mercado, conseguindo gerir os "stocks" durante o ano inteiro. Os vendedores, por outro lado, conseguem vender produtos de qualidade e ganhar mais dinheiro.

"Temos corretores que acompanham os preços e vendemos cerca de 10% abaixo do preço do mercado, o que lhes permite terem uma margem de lucro maior, exemplificou a responsável pela área de financiamento e parcerias, Rachel Kabuyah.

Os consumidores ficam também beneficiados, acrescenta, destacando que a Twiga Foods proporciona aconselhamento sobre as melhores práticas agrícolas e valoriza a segurança alimentar, apostando na qualidade dos produtos.

A Twiga Foods emprega atualmente cerca de 400 trabalhadores e recebeu recentemente intenções de investimento no valor de sete milhões de dólares: três milhões através do IFC, uma instituição financeira do Banco Mundial e quatro milhões do fundo africano de capital de risco, TLCom Capital Partners.

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