Tolentino Mendonça já é cardeal. PR envia “cumprimento caloroso e amigo”

por RTP
Yara Nardi - Reuters

O bispo José Tolentino Mendonça foi investido cardeal numa cerimónia no Vaticano, que decorreu este sábado ao início da tarde. Tornou-se, assim, no sexto cardeal português deste século e no 46º da História. Marcelo Rebelo de Sousa, que cancelou a sua ida a Roma para estar presente no funeral de Freitas do Amaral, endereçou um “cumprimento caloroso e amigo” ao novo cardeal.

O cardeal português de 53 anos, natural do Machico, Madeira, arquivista e bibliotecário do Vaticano, foi um dos 13 novos cardeais investidos pelo Papa Francisco. Foi do chefe da Igreja Católica que recebeu o anel e barrete.

Antes de entregar o barrete cardinalício e o anel, Francisco criticou o "hábito da indiferença" e pediu aos novos cardeais compaixão, que definiu como "requisito essencial".

"A disponibilidade de um purpurado para dar o seu próprio sangue - significado na cor vermelha das suas vestes - é certa, quando está enraizada nesta consciência de ter recebido compaixão e na capacidade de ter compaixão. Caso contrário, não se pode ser leal", afirmou Francisco.
 
O líder da Igreja Católica disse ainda que "muitos comportamentos desleais de homens da Igreja dependem da falta deste sentimento da compaixão recebida e do hábito de passar ao largo, do hábito da indiferença".  
 
Na cerimónia, que se iniciou às 16h00 locais (menos uma hora em Lisboa) estiveram presentes a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, em representação do Governo português, e também o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque. "Reconhecimento de uma personalidade ímpar"
O Presidente da República, cancelou a deslocação a Roma devido à morte de Freitas do Amaral, fundador do CDS, uma vez que o funeral se realizou este sábado, dia de luto nacional. 

Numa mensagem publicada este sábado ao início da tarde no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa envia um “cumprimento caloroso e amigo” ao novo cardeal.  
 
"Gostaria de estar presente no consistório em que recebe os sinais da sua nova condição, mas na impossibilidade de o fazer, envio ao novo Cardeal um cumprimento caloroso e amigo e os desejos de que continue a ser uma referência para tantos, católicos ou não, que lhe reconhecem o valor cultural e humano de quem é, como o próprio se definiu, um ‘facilitador de encontros’", escreve Marcelo Rebelo de Sousa.
 
O Presidente da República considera que José Tolentino de Mendonça - convidado para ser o Presidente das comemorações do próximo Dia de Portugal -, é um exemplo de alguém que procura ir mais longe e, ao mesmo tempo, estar com todos.  
 
Marcelo Rebelo de Sousa relembra o que escreveu no dia em que foi conhecida a escolha de José Tolentino Mendonça para Cardeal, a 1 de setembro, indicando que "essa honra traduz o reconhecimento de uma personalidade ímpar, assim como da presença da Igreja Católica na nossa sociedade, o que muito prestigia Portugal".

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"A vida de um cardeal é pesada"

Em declarações aos jornalistas já depois de ter sido investido cardeal na Basílica de São Pedro, Tolentino Mendonça reconheceu a importância do momento, mas comparou o peso das suas funções a tantas outras.

"A vida vai-nos dando, pela mão de Deus, os caminhos, mais do que pesos, porque a vida de um cardeal é pesada, mas a vida de um pai de família também é, a vida de um operário, a vida de um desempregado, a vida de um homem sobre a terra, a vida de um refugiado, a vida de alguém que constrói a sociedade", afirmou antes da sessão de cumprimentos.

"A visita é difícil para todos, também será para um cardeal, mas também é bela, também é entusiasmante e é nisso que eu penso. Partilho a humanidade dos meus irmãos e faço com eles um caminho crente, um caminho de fé", declarou.

Questionado sobre se o facto de ser cardeal poderia condicionar a liberdade criativa, enquanto poeta, Tolentino Mendonça lembrou as palavras do líder da Igreja Católica na sacristia da basílica, onde se dirigiu para cumprimentar cada um dos 13 cardeais que iria criar.

"Quando ele se abeirou de mim, eu disse-lhe, baixinho: santo padre, o que é que me fez?", começou por dizer Tolentino Mendonça, adiantando que Francisco se riu e disse: "Olha, a ti eu digo aquilo que um poeta disse, 'tu és a poesia'".
Sexto cardeal do século
Tolentino Mendonça junta-se ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e ao bispo da Diocese de Leiria-Fátima, António Marto, como cardeais eleitores - que também podem ser eleitos - num futuro conclave para escolher o sucessor de Francisco, de 82 anos.
 
No Colégio Cardinalício, que tem por missão apoiar o papa, estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam no conclave: Monteiro de Castro, de 81 anos, que foi penitenciário-mor da Santa Sé e teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.  
 
Já Saraiva Martins, de 87 anos, foi secretário da Congregação para a Educação Católica e depois prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Foi criado cardeal por João Paulo II (1920-2005), no mesmo dia do ex-cardeal-patriarca de Lisboa José Policarpo (1936-2014).

c/ Lusa
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