O arquipélago do Pacífico Sul foi atingido no sábado por um tsunami após a violenta erupção de um vulcão submarino. Três dias depois, a pequena nação insular continua isolada e os danos e vítimas só agora começam a ser parcialmente conhecidos. Para já, há registo de pelo menos três mortes.
O vulcão submarino Hunga Tonga Hunga Ha’apai fica a 65 quilómetros norte da capital Tonga e a erupção de sábado levou a que toda a região ficasse coberta de vapor e cinzas vulcânicas, sendo depois atingida por um tsunami.
Desde então que as dezenas de ilhas estão sem internet, já que o tsunami danificou o único cabo submarino que liga o Tonga ao resto do mundo, através das ilhas Fiji, deixando a região sem possibilidade de comunicação com o exterior.
Vários tonganeses que vivem no estrangeiro continuam a tentar entrar em contacto com família e amigos, mas o restabelecimento das comunicações de telefone e internet poderá demorar mais duas semanas.
A agência Reuters destaca como esta erupção acaba por evidenciar a vulnerabilidade dos cabos submarinos de fibra ótica, essenciais para as comunicações a nível global, com uma capacidade de transporte de dados cerca de 200 vezes superior à dos satélites.
Duas mortes confirmadas
Até ao momento, o Governo do Tonga confirmou três mortes, incluindo dois cidadãos do Tonga e uma mulher britânica. Angela Glover, que terá morrido a tentar resgatar os seus cães numa instituição de caridade animal que dirigia, avança a 1news.
De acordo com um diplomata neozelandês na ONU, o vulcão e tsunami provocou danos significativos nas praias ocidentais de Tongatapu, mas a capital, Nulu’alofa, ficou praticamente intacta para além de alguns danos na orla costeira.
A Nova Zelândia continua a tentar enviar água potável e alimentação, mas os aviões ainda não conseguiram aterrar no aeroporto principal devido ao vapor e cinzas que continuam a cobrir a ilha.
De acordo com a televisão neozelandesa, um grupo de tonganeses está a varrer as cinzas da pista, mas o processo deverá prolongar-se pelo menos até quarta-feira. Em alternativa, a Nova Zelândia já enviou dois navios com água e material de apoio.
As preocupações principais centram-se no grupo de ilhas de Ha’apai, a norte de Tongatapu, com que tem sido difícil estabelecer qualquer contacto.
As primeiras imagens de satélite que chegam dos pequenos territórios incontactáveis mostram as ilhas de Nomuka, Kolomotua, Tongatapu ou Kolofo’ou com traços de grande destruição, numa paisagem coberta de cinzas. As pequenas ilhas de Mango e Fonoifua são as que mostram mais evidências de maiores danos.
O Governo local adiantou entretanto que todas as casas de Mango ficaram destruídas e apenas duas habitações resistiram na ilha de Fonoifua. A evacuação das populações nestas ilhas mais remotas já foi iniciada, adianta o Governo.
Images coming in from the NZ defence force plane of some of the islands in Tonga... Notice the thick layer of ash covering absolutely everything. These islands are normally lush and green.
— Pita Taufatofua (@pitaTofua) January 18, 2022
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Anyone wanting to assist, we have added a link in bio pic.twitter.com/0om4Z7vQoJ
"As imagens que chegam do avião das forças de defesa da Nova Zelândia mostram algumas ilhas de Tonga. Vejam como há uma espessa camada de cinzas a cobrir absolutamente tudo. Estas ilhas são normalmente exuberantes e verdes", lamenta no Twitter Pita Taufatofua, atleta olímpico do Tonga.
A erupção em causa foi sentida em várias regiões do mundo, desde os Estados Unidos, Peru e também Portugal, onde se registaram alterações no nível do mar nos Açores, Madeira e na zona de Peniche.
De acordo com um grupo de cientistas da Universidade de Auckland, esta foi a mais forte erupção registada no planeta nos últimos 30 anos.
(com agências internacionais)