Três manifestantes mortos em confrontos com forças de segurança no Iraque

por Lusa

Três manifestantes morreram hoje em confrontos com as forças de segurança em Nassíria, no sul do Iraque, afirmaram os médicos desta cidade, palco de um movimento de contestação contra o poder há vários dias.

Estas mortes elevam para cinco o número de manifestantes mortos durante uma semana na cidade, além das dezenas de pessoas que também ficaram feridas.

Os manifestantes têm desafiado as medidas de confinamento há vários dias, ligadas a uma segunda vaga da pandemia de covid-19 no país para manter vivo o movimento de contestação, enquanto nacionalmente, os protestos tornaram-se mais raros nos últimos meses.

Durante esta semana, foram várias as ocasiões em que as pessoas se reuniram em frente ao edifício da Câmara de Nassíria para exigir a demissão do governador, Nazem al-Waeli, num contexto de degradação dos serviços públicos.

Hoje, três manifestantes foram mortos a tiro por forças de segurança do lado de fora do edifício, relataram médicos à agência France-Presse (AFP), com um deles a acrescentar que "47 pessoas ficaram feridas, mas os hospitais estavam sobrecarregados com pacientes de covid-19".

"Estamos a lutar para encontrar um local para os tratar", prosseguiu.

Dois manifestantes já tinham sido mortos na segunda-feira e na quinta-feira em eventos semelhantes.

As décadas de conflitos, corrupção e poucos investimentos deixaram o Iraque com serviços públicos precários e escassez recorrente de eletricidade e água.

No final de 2019, a raiva da população com a corrupção e o desemprego endémico levou a uma revolta popular sem precedentes, marcada pela violência que fez 600 mortos e 30.000 feridos em todo o país.

Quase todas as manifestações cessaram em 2020, mas estão agora a ser retomadas em Nassíria.

A nova escalada de violência acontece a menos de duas semanas da chegada do Papa Francisco a esta província do sul, a primeira visita de um chefe da igreja católica ao Iraque.

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