Três mortos e 140 feridos durante confrontos em Israel

por Graça Andrade Ramos - RTP
Palestinianos fogem de uma granada de gás lacrimogéneo lançada pela polícia israelita numa das ruas da cidade velha de Jerusalém, durante protestos contra a instalação de detetores de metais à entrada do Monte do Templo Ammar Awad - Reuters

A contestação muçulmana à colocação de detetores de metais no Monte do Templo, em Jerusalém, terminou em confrontos generalizados após as orações desta sexta-feira. Pelo menos três palestinianos foram abatidos a tiro mas há dúvidas sobre quem fez os disparos.

Pelo menos 140 pessoas ficaram feridas e, de acordo com o Canal 10, israelita, uma criança de oito anos terá morrido sufocada com gás lacrimogéneo, num relato ainda não confirmado.

Num primeiro incidente, um colono israelita matou um palestiniano de 18 anos, Muhamad Mahmoud Sahraf, no bairro de Ras al-Amud, na Jerusalém leste ocupada.

A morte de um segundo palestiniano foi confirmada por fontes hospitalares. Muhamad Mahmoud Khalaf foi atingido por tiros disparados durante os confrotnos após as orações de sexta-feira.

A Autoridade Palestiniana refere que um terceiro palestiniano, Muhamad Hasan Abu Ghanam, foi morto durante confrontos com a polícia na Cisjordânia.O Monte do Templo, ou Nobre Santuário, como é chamado pelos muçulmanos, alberga a Mesquita de al Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islão, além do Templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo.

Os muçulmanos protestam há quase uma semana contra a colocação de detetores de metais à entrada do Monte do Templo, atirando pedras contra a polícia israelita, que tem respondido com granadas de atordoar e gás lacrimogéneo.

Domingo passado, dois polícias israelitas foram mortos no local por três palestinianos, que foram depois abatidos pela polícia.

O Governo ordenou a instalação de detetores de metais para evitar a entrada de armas às escondidas no santuário. Também foi proibida a entrada a homens com menos de 50 anos.

Apesar dos apelos à retirada dos detetores, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiu esta sexta-feira mantê-los, citando razões de segurança.
"Jogada política"
O gabinete de segurança afirmou que irá ser a polícia a decidir por quanto tempo serão mantidas as cancelas e os detetores.

Um deputado palestiniano do Knesset, Mohammad Barakeh, reagiu perante outros líderes palestinianos no início de sexta-feira, afirmando que a decisão "do Governo israelita de entregar o assunto à polícia é uma jogada política para absolver Netanyahu de qualquer responsabilidade, ao implicar que esta não é uma questão política mas uma questão de segurança, mas a verdade é que esta é uma decisão política".

Líderes muçulmanos e fações políticas palestinianas, incluindo o Hamas, apelaram aos fiéis para que se juntassem esta sexta-feira num "dia de raiva" contra as medidas. Dizem que estas irão alterar o delicado equilíbrio que permite aos fiéis de ambas as religiões cruzarem-se num mesmo espaço.
Também na Jordânia milhares de pessoas juntaram-se em Amã, para protestar contra a decisão israelita.
"Rejeitamos as restrições israelitas à Mesquita de al Aqsa", afirmou o mais importante clérigo muçulmanos de Jerusalém, o Grande Mufti Mohammad Hussein.

Em resposta, milhares de muçulmanos juntaram-se para as orações em várias entradas da zona do santuário, recusando-se a entrar e rezando nas ruas da cidade velha, que rapidamente ficaram congestionadas. Seguiram-se confrontos com as forças de segurança.

Houve protestos e confrontos generalizados na zona leste de Jerusalém e na Cisjordânia.

Durante a manhã a polícia invadiu os bairros árabes de Jerusalém, sobretudo a zona em torno da muralha da cidade velha, onde está a mesquita. Pelo menos três mil agentes e unidades fronteiriças foram mobilizados para a área, afirmou um porta-voz da polícia.

No início da semana, o Grande Mufti de Jerusalém apelou a que todas as mesquitas da cidade fechassem portas esta sexta-feira para levar os fiéis a reunir-se junto aos portões da Mesquita de al Aqsa para as orações semanais.

Palestinianos da Faixa de Gaza e na Cisjordânia rezaram em locais públicos em solidariedade com os fiéis de Jerusalém.

Em Hebron, os palestinianos encheram o Estádio Hussein para as orações.
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