A contestação muçulmana à colocação de detetores de metais no Monte do Templo, em Jerusalém, terminou em confrontos generalizados após as orações desta sexta-feira. Pelo menos três palestinianos foram abatidos a tiro mas há dúvidas sobre quem fez os disparos.
Num primeiro incidente, um colono israelita matou um palestiniano de 18 anos, Muhamad Mahmoud Sahraf, no bairro de Ras al-Amud, na Jerusalém leste ocupada.
A morte de um segundo palestiniano foi confirmada por fontes hospitalares. Muhamad Mahmoud Khalaf foi atingido por tiros disparados durante os confrotnos após as orações de sexta-feira.
A Autoridade Palestiniana refere que um terceiro palestiniano, Muhamad Hasan Abu Ghanam, foi morto durante confrontos com a polícia na Cisjordânia.O Monte do Templo, ou Nobre Santuário, como é chamado pelos muçulmanos, alberga a Mesquita de al Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islão, além do Templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo.
Os muçulmanos protestam há quase uma semana contra a colocação de detetores de metais à entrada do Monte do Templo, atirando pedras contra a polícia israelita, que tem respondido com granadas de atordoar e gás lacrimogéneo.
Domingo passado, dois polícias israelitas foram mortos no local por três palestinianos, que foram depois abatidos pela polícia.
O Governo ordenou a instalação de detetores de metais para evitar a entrada de armas às escondidas no santuário. Também foi proibida a entrada a homens com menos de 50 anos.
Apesar dos apelos à retirada dos detetores, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiu esta sexta-feira mantê-los, citando razões de segurança.
"Jogada política"
O gabinete de segurança afirmou que irá ser a polícia a decidir por quanto tempo serão mantidas as cancelas e os detetores.
Um deputado palestiniano do Knesset, Mohammad Barakeh, reagiu perante outros líderes palestinianos no início de sexta-feira, afirmando que a decisão "do Governo israelita de entregar o assunto à polícia é uma jogada política para absolver Netanyahu de qualquer responsabilidade, ao implicar que esta não é uma questão política mas uma questão de segurança, mas a verdade é que esta é uma decisão política".
Líderes muçulmanos e fações políticas palestinianas, incluindo o Hamas, apelaram aos fiéis para que se juntassem esta sexta-feira num "dia de raiva" contra as medidas. Dizem que estas irão alterar o delicado equilíbrio que permite aos fiéis de ambas as religiões cruzarem-se num mesmo espaço.
Também na Jordânia milhares de pessoas juntaram-se em Amã, para protestar contra a decisão israelita.
"Rejeitamos as restrições israelitas à Mesquita de al Aqsa", afirmou o mais importante clérigo muçulmanos de Jerusalém, o Grande Mufti Mohammad Hussein.
Em resposta, milhares de muçulmanos juntaram-se para as orações em várias entradas da zona do santuário, recusando-se a entrar e rezando nas ruas da cidade velha, que rapidamente ficaram congestionadas. Seguiram-se confrontos com as forças de segurança.
Houve protestos e confrontos generalizados na zona leste de Jerusalém e na Cisjordânia.
Durante a manhã a polícia invadiu os bairros árabes de Jerusalém, sobretudo a zona em torno da muralha da cidade velha, onde está a mesquita. Pelo menos três mil agentes e unidades fronteiriças foram mobilizados para a área, afirmou um porta-voz da polícia.
No início da semana, o Grande Mufti de Jerusalém apelou a que todas as mesquitas da cidade fechassem portas esta sexta-feira para levar os fiéis a reunir-se junto aos portões da Mesquita de al Aqsa para as orações semanais.
Palestinianos da Faixa de Gaza e na Cisjordânia rezaram em locais públicos em solidariedade com os fiéis de Jerusalém.
Em Hebron, os palestinianos encheram o Estádio Hussein para as orações.