Três polícias vão ser julgados por passividade durante o homicídio de George Floyd

por RTP
Os processos duplos, ao nível federal e estatal, de polícias envolvidos em assassinatos enquanto estão em serviço, são raros e revelam a importância deste caso Cedric Hohnstadt/ Reuters

A seleção dos 12 jurados para o julgamento federal de três antigos polícias acusados de terem violado os direitos constitucionais de George Floyd vai começar esta quinta-feira. Neste julgamento, os promotores vão tentar provar que os antigos polícias não prestaram ajuda deliberadamente ao afro-americano, em maio de 2020, tendo-o prendido sem razão e privado de liberdade.

Juristas citados pela Associated Press estabelecem as diferenças entre os dois julgamentos. “No caso estadual, são acusados do que fizeram. Que ajudaram e de alguma forma incitaram Chauvin. No caso federal, são acusados do que não fizeram e esta é uma distinção importante. É um tipo diferente de responsabilidade”, explicou Mark Osler, antigo procurador e professor de Direito.

A missão dos procuradores neste julgamento será fazer prova de que os polícias deviam ter feito algo para impedir Derek Chauvin de asfixiar Floyd, acrescenta Phil Turner, outro antigo procurador federal, também citado pela Associated Press. Além da acusação por omissão deliberada de ajuda, também são acusados de indiferença às necessidades médicas e privação de liberdade.

Os jurados, que já responderam a um extenso questionário, vão ser interrogados em grupo pelo juiz Paul Magnuson até serem escolhidas 40 pessoas. Depois, defesa e acusação “emagrecem” ainda mais esta seleção até que fiquem 18 pessoas: 12 deliberantes e seis suplentes. Este processo deve demorar dois dias, refere o juiz.

O julgamento federal deve começar segunda-feira em Saint-Paul, Estado de Minneapolis, e decorrer ao longo de duas semanas.

Como Derek Chauvin já se declarou culpado, os jurados vão decidir sobre a culpabilidade ou inocência dos três homens, que nada fizeram quando Chauvin colocou o joelho sobre o pescoço do afro-americano de 46 anos, asfixiando-o. Os três acusados declaram-se inocentes.

Os quatro antigos polícias, entretanto despedidos, queriam imobilizar George Floyd, de elevada estatura, por suspeitas de uso de dinheiro falso, tendo-o atirado para o chão, com a cara para baixo. Enquanto Chauvin colocou o joelho sobre o pescoço, Alexander Kuen, que tinha ingressado recentemente na polícia, instalou-se sobre as costas e Thomas Lane, também recém-contratado, segurava as pernas.

Um quarto agente, Tou Thao, afastava quem passava ou se aproximava, devido aos apelos e gemidos de Floyd. Ficaram assim quase 10 minutos.

A detenção foi filmada e publicada na Internet, tendo gerado enorme indignação e debate sobre o racismo nos Estados Unidos.

Ao nível estadual, Derek Chauvin já foi condenado a uma pena de prisão de 22 anos, enquanto os outros homens ainda vão ser julgados por cumplicidade no assassinato, após vários adiamentos.
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