Tribunal canadiano decide se Meng Wanzhou pode sair com caução

por RTP
Manifestante reclama liberta /David Ryder, Reuters

O tribunal de Vancouver continua hoje a audição da directora financeira da Huawei, detida a instâncias dos Estados Unidos. Não se trata, por enquanto, de decidir sobre o pedido de extradição norte-americano, e sim sobre a pretensão de Meng, que requereu a liberdade provisória.

Sabrina Meng Wanzhou poderá ser libertada sob caução e com pulseira eletrónica. Mas a decisão continua pendente e o tribunal começara, na semana passada, por mantê-la em prisão preventiva por considerar que existe perigo de fuga.

O procurador John Gibb-Carsley, citado pelo diário de Hong Kong South China Morning Post, declarou a esse respeito que a directora da Huawei tem recursos para fugir e tem uma forte motivação para fazê-lo, por estar ameaçada com uma pena que pode ir até 30 anos de prisão nos Estados Unidos. E acrescentou que, se o juiz conceder a Meng a saída sob caução, deverá pelo menos determinar a prisão domiciliária.

O advogado de Meng sugeriu que ela própria contratasse uma empresa de segurança que ficaria responsável pelo cumprimento das condições de liberdade provisória, mas opôs-se à sugestão de prisão domiciliária, alegando que pretende poder circular pela cidade de Vancouver e arredores. O marido de Meng ofereceu as duas vivendas que o casal tem em Vancouver como garantia da caução, num valor de 15 milhões de dólares canadianos (equivalente a 11,2 milhões dos EUA). Tanto o procurador como o juiz mostraram-se pouco inclinados a aceitar qualquer das duas sugestões do advogado de defesa.

A questão está a ter implicações ao mais alto nível na política canadiana, tendo o ministro da Justiça William Ehrcke sublinhado que a decisão não está ainda tomada e que a audição sobre a liberdade provisória prossegue hoje.

Segundo outro artigo do mesmo diário, durante o fim de semana o vice-MNE chinês Le Yucheng convocou os embaixadores do Canadá e dos EUA, respectivamente John McCallum e Terry Branstad, para protestar contra a detenção e para ameaçar o Governo canadiano com "consequências graves". O vice-ministro chinês adiantou ainda que as consequências dependeriam das resposta canadiana. Responsáveis canadianos escusaram-se a comentar as ameaças chinesas.

Entretanto, prosseguem também as conversações com os Estados Unidos, aproveitando a pausa de 90 dias combinada na Cimeira do G-20, com vista a distender as relações na guerra comercial, de medidas e contramedidas proteccionistas, que opõe os dois países.

O diplomata e conselheiro de Estado chinês Wang Yi, citado pelo mesmo South China Morning Post, comentou por um lado as conversações sino-americanas como decorrendo numa "atmosfera amistosa e franca", e por outro lado a detenção de Meng Wanzhou, como violação dos seus direitos como cidadã chinesa.

Segundo Wang, "continuaremos a zelar pela segurança e bem-estar de todos os chineses no estrangeiro, a todo o instante. O Governo não recuará, em silêncio, perante intimidações que violam grosseiramente os direitos e interesses legítimos dos cidadãos chineses".

A China acusou ainda o Canadá de não lhe ter feito chegar qualquer informação sobre a detenção de Meng até ser interpelado sobre o tema, o que constituiria uma violação de acordo existente entre os dois Estados. O Governo canadiano, pelo contrário, afirma que notificou o Consulado chinês em Vancouver no próprio dia da detenção.
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