Tropas iraquianas tentam o assalto final ao Estado Islâmico em Mossul

por Carlos Santos Neves - RTP
A ofensiva agora desencadeada decorre com apoio aéreo dos Estados Unidos Zohra Bensemra - Reuters

O Exército iraquiano desencadeou este domingo uma ofensiva para “libertar” a porção ocidental de Mossul das forças do Estado Islâmico, entrincheiradas num derradeiro bastião setentrional. A progressão das tropas terrestres está a fazer-se a par de intensas vagas de bombardeamentos aéreos e de artilharia.

“Avancem com a minha bênção, forças heroicas do Iraque”. O primeiro-ministro iraquiano anunciou nestes termos a operação militar que teve início este domingo, numa comunicação transmitida pela televisão estatal.
A investida deste domingo acontece quatro meses depois do lançamento, a 17 de outubro, de uma ofensiva em larga escala destinada a reconquistar Mossul, ocupada desde 2014 pelo Estado Islâmico.

Haider al-Abadi descreveu esta investida - que se segue à reconquista da parte leste de Mossul, ao fim de três meses de combates - como uma “nova alvorada” nos esforços para desalojar as forças jihadistas daquela cidade do norte do Iraque.

Na véspera da operação terrestre, que envolve milhares de soldados, apoiados pela Força Aérea dos Estados Unidos, o Governo de Bagdade fez cair sobre o centro urbano do oeste de Mossul milhões de panfletos, a alertar a população civil para bombardeamentos iminentes. Mas também a instar os combatentes do Daesh “a deporem as armas e a renderem-se antes de um destino inevitável às mãos de forças heroicas”.

A investida terá já permitido aos soldados iraquianos retomarem as localidades de Athbah e Al-Lazzagah, próximas do aeroporto, que se localiza na periferia a sul de Mossul e a oeste do Rio Tigre.

Diana Bouça-Nova, Rui Rufino - RTP

O objetivo das forças regulares iraquianas, a parte ocidental da segunda maior cidade do Iraque, é mais pequeno do que a zona leste, retomada em janeiro. Mas tem uma maior densidade urbana e populacional, pelo que o teatro de operações se afigura mais complexo.

Peritos citados pelas agências internacionais advertem para a dificuldade de fazer passar veículos pesados de combate pelas ruas estreitas e rendilhadas da “cidade velha”, o coração da ofensiva em curso. Patrick Skinner, um especialista do Soufan Group Intelligence Consultancy, ouvido pela France Presse, antecipou “combates casa a casa, mais sangrentos e em maior escala”.
Ataques suicidas

A aliança internacional liderada pelos Estados Unidos já se congratulou com este acelerar da ofensiva por Mossul, descrevendo-a como “um duro combate para qualquer exército, seja ele qual for”.
A ONU expressou preocupação com o destino dos civis nas malhas urbanas ainda ocupadas pelo Estado Islâmico em Mossul. Estima-se que ascendam a 650 mil.
Ao mesmo tempo, o general Stephen Townsend, comandante da coligação, estima que as tropas do Iraque “estão à altura do desafio”.

Townsend saudou o envolvimento de “corajosos soldados” e “polícias” iraquianos, mas também de “milícias”, apesar de alguns destes grupos de combatentes contarem com o apoio do Irão.

Num mortífero testemunho das dificuldades que se erguem perante as tropas iraquianas, dois atentados perpetrados por bombistas suicidas fizeram este domingo pelo menos cinco mortos no leste de Mossul, já dado como reconquistado.

Um primeiro ataque atingiu um posto de controlo do exército e matou três soldados. O segundo, numa zona comercial, matou dois civis.
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