Trump afirma que EUA estão em "boa posição" quando casos de Covid-19 ultrapassam os três milhões

por RTP
Kevin Lamarque - Reuters

Os Estados Unidos ultrapassaram esta quinta-feira a fasquia dos três milhões de contágios com o novo coronavírus, menos de um mês depois de ultrapassar a dos dois milhões, segundo as contas da Universidade de Johns Hopkins. Donald Trump insiste que o país está "numa boa posição" e argumenta que não ouve os peritos.

Mais de 130 mil pessoas já morreram com o novo coronavírus nos EUA, o registo mais alto a nível mundial. O país chega aos três milhões de casos de casos e bate um novo recorde diário de cerca de 60 mil casos em 24 horas.

O Presidente norte-americano faz a sua leitura dos números. “Estamos numa boa posição”, considera, enquanto ataca publicamente um dos nomes que têm tido reconhecimento entre o público, Anthony Fauci.

Fauci defendeu no início da semana que os EUA ainda estavam “enterrados até ao joelho na primeira vaga” da pandemia.

Entrevistado na Gray Tv por uma antiga apresentadora da Fox News, Greta Van Susteren, Trump disse discordar com Fauci. “Discordo dele. Sabe, o Dr Fauci disse: ‘usem máscaras’, agora diz ‘usem-nas’. Ele já disse muitas coisas: ‘Não fechem a China’”.

“E fiz isso à mesma. Não ouvi os peritos e bani a China”, referindo-se às restrições de viagens para aquele país.

Fauci, de 79 anos, foi diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas desde 1984. Emergiu nos primeiros dias da pandemia como uma voz credível.

Os analistas têm revelado que a Casa Branca quer assumidamente persuadir os americanos que eles têm de viver com o risco de infeção.

Estados sob domínio republicano que começaram a reabrir a economia no fim de maio – Texas e Florida estão entre elas – estão a registar um aumento recorde de casos e tem aumentado a pressão sobre a capacidade hospitalar. Medidas de desconfinamento em Estados que eram pontos quentes como Nova Iorque e Nova Jérsia, começam a ser colocadas em pausa ou modificadas.

Ainda assim, Trump disse na entrevista que nas próximas duas a quatro semanas “penso que vamos estar em muito boa forma”.

O Presidente diz que os casos são um reflexo de uma testagem massiva e que a taxa de letalidade é um melhor reflexo de como o país está a superar a crise.

Pelo segundo dia consecutivo, o número de mortes por Covid-19 esteve acima dos 900. A média diária de mortes dos últimos sete dias é 585, menor do que o pico de 2,255 em abril, de acordo com a Worldometers.

“Neste momento, testámos mais de 39 milhões de americanos. Entre eles, mais de três milhões estavam positivos e mais de 1,3 milhões recuperaram”, disse o vice-Presidente dos EUA, Mike Pence, para justificar o número elevado de casos.

No total, os EUA registam 3.009.611 casos desde o início da pandemia, incluindo 131.521 mortes, de acordo com os dados da Universidade de Johns Hopkins.

Os Estados Unidos continuam com números de pandemia de covid-19 que as autoridades sanitárias consideram preocupantes, mas a Casa Branca tem atribuído os números das estatísticas ao elevado número de testes, assegurando que o seu Governo está a controlar a situação.

Mike Pence, que usava uma máscara de proteção ao participar numa conferência de imprensa, disse que as zonas de maior preocupação se encontram no sul do país (Arizona, Florida e Texas), mas que a percentagem de pessoas que testam positivo está a estabilizar.

“Vamos continuar a fazer o que temos feito, porque estamos a ver os primeiros sinais”, disse o vice-Presidente, revelando confiança na evolução do combate à pandemia.
Trump ameaça cortar fundos federais caso escolas não reabram no outono

Trump ameaçou, por outro lado, cortar fundos federais caso as escolas no país não reabram no outono, criticando ainda as orientações dos especialistas governamentais de saúde pública sobre a reabertura das instituições de ensino.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, Trump argumentou que vários países, como a Alemanha, Dinamarca e Noruega, reabriram as escolas “sem problemas”.

Também reiterou o argumento que os democratas querem manter as escolas encerradas por motivos políticos e não por causa dos riscos associados ao novo coronavírus.

“Os democratas pensam que poderá ser mau para eles politicamente se as escolas abrirem antes das eleições [presidenciais e gerais] de novembro", afirmou Trump, acrescentando: “Mas é importante para as crianças e famílias. Pode-se cortar o financiamento se não abrirem!”.

O Presidente norte-americano não pormenorizou quais os fundos federais que poderá eventualmente cortar, nem qual é a legislação lhe atribui tal poder.

Estes comentários surgem um dia depois da administração Trump ter tentado pressionar as autoridades estaduais e locais a avançarem com a reabertura de escolas e de universidade no outono.

Trump lançou críticas às orientações emitidas para a reabertura das escolas, afirmando que as medidas são “muito exigentes” e “dispendiosas”.

O uso de máscara por estudantes e professores sempre que possível, espaçamento entre as carteiras das salas de aula, horários com várias escalas e colocação de barreiras físicas em alguns locais de acesso comum são algumas das recomendações emitidas pelo CDC.

Trump não esclareceu quais são as medidas com as quais discorda.

c/ Lusa
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