O presidente dos Estados Unidos antecipou o anunciado reconhecimento da soberania israelita sobre o território sírio ocupado na guerra de 1967, de modo a poder fazê-lo ainda durante a visita de Benjamin Netanyahu a Washington.
Segundo o relato da agência Reuters, Netanyahu esteve presente à
assinatura do diploma e ouviu de Trump o seguinte comentário: "Isto
levou muito tempo para ser feito". O inquilino da Casa Branca entregou
então ao visitante a caneta com que assinara o decreto, dizendo-lhe: "Dê
isto ao povo de Israel".
Segundo citação do jornal Times of Israel, o primeiro-ministro israelita louvou na visita à Casa Branca a decisão de Donald Trump, por tornar "maior e mais forte do que nunca o vínculo entre a América e Israel". Netanyahu manifestou também a intenção de jamais devolver à Síria o território ocupado em 1967.
Os Montes Golan foram tomados à Síria na chamada "Guerra dos seis dias", em 1967, e em 1981 Israel declarou-os anexados. Mas a anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, e também os Estados Unidos mantiveram até aqui o reconhecimento da soberania síria naquele território.
Trump tinha anunciado via Twitter na passada quinta feira a intenção de imprimir uma viragem radical a essa tradicional política norte-americana.
O anúncio por tweet foi imediatamente interpretado como um gesto para favorecer Netanyahu na luta pela reeleição, que terão lugar já em 9 de abril com um rival em posição ameaçadora - o antigo chefe militar Benny Gantz. O efeito eleitoral do reconhecimento da soberania israelita seria naturalmente potenciado pelo cenário de Washington, durante a visita de Netanyahu.
Contudo, este antecipou o seu regresso a Israel, na iminência de mais uma ofensiva israelita contra Gaza, depois de um roquete lançado a partir da Faixa ter atingido uma casa em Tel Aviv, fazendo sete feridos. A antecipação da assinatura do diploma correspondente por Donald Trump tem de ser vista no contexto desta alteração do calendário da visita.
O ministro sírio dos Negócios Estrangeiros comentou a decisão de Trump como um "ataque flagrante contra a soberania e a integridade territorial da Síria", segundo citação da agência noticiosa síria SANA.
Por seu lado, Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretário-geral da ONU comentou a decisão de Trump laconicamente: "Para nós, o estatuto dos Golã ocupados está consagrado nas resoluções do Conselho de Segurança. A posição não mudou".
E reforçou com uma referência a António Guterres: "Para o secretário-geral, é claro que o estatuto dos Golã não mudou".