Trump cancela viagem à Dinamarca porque percebeu que a Gronelândia não está à venda

por Alexandre Brito - RTP
Imagem de um torre com a marca Trump na Gronelândia. Foi partilhada no Twitter pelo próprio presidente dos EUA Twitter

O Presidente dos EUA anunciou no Twitter que adiou a viagem que tinha programada para o início de setembro à Dinamarca. Escreveu Donald Trump que não valia a pena a deslocação uma vez que a primeira-ministra dinamarquesa já tinha afirmado que o país não tinha interesse em vender a Gronelândia.

Parecia uma brincadeira, mas a verdade é que as declarações de Donald Trump sobre a compra do território à Dinamarca eram bem reais.

Os últimos tweets do presidente norte-americano não deixam margem para dúvidas. Escreveu ele na rede social - começando por afirmar que a "Dinamarca é um país muito especial com pessoas incríveis" - que, tendo em conta as declarações da primeira-ministra holandesa de que "não teria interesse em discutir a compra da Gronelândia", decidiu "adiar a reunião marcada para daqui a duas semanas para outra altura".
Acrescentou Donald Trump que a primeira-ministra, ao recusar sequer discutir o negócio, "poupou muitas despesas e esforços aos Estados Unidos e à Dinamarca". "Agradeço-lhe por isso e espero que o encontro seja remarcado para algum momento no futuro".

O Presidente Trump iria realizar uma visita de Estado à Dinamarca a 2 de setembro, a convite da raínha Margrethe II.

E assim estava programado até que o próprio afirmou o interesse dos EUA em comprar a Gronelândia, um território dinamarquês autónomo. Uma sugestão "absurda", disse entretanto a primeira-ministra do país Mette Frederiksen. (na imagem)


A Casa Real dinamarquesa confirmou que tinha sido informada sobre o cancelamento do encontro. Uma "surpresa", afirmou a responsável de comunicação à televisão pública dinamarquesa.
Gronelândia. Porquê este interesse pelo território?
A Gronelândia é considerada a maior ilha do mundo. É um território dinamarquês mas com alguma autonomia.

Apesar da enorme extensão de terra - 80 por cento coberta de gelo -, apenas 56 mil pessoas vivem lá, a maior parte junto à costa. O território tem governo e parlamento próprios, embora com limitações.

O interesse de Trump na Gronelândia deve-se, em grande parte, aos recursos naturais do território.

Mas também, escreveu o The New York Times, ao "valor de segurança nacional" para os EUA devido à sua localização estratégica.

Aliás, a presença militar norte-americana no território não é nova. Nos tempos da Guerra Fria foi lá estabelecida uma base aérea da Força Aérea norte-americana.
A ideia de compra é inédita?

Apesar de à partida a ideia de compra de um território parecer ridícula, a verdade é que não é nem nova nem inédita.

A história mostra que situações semelhantes já aconteceram no passado. E até com estes dois países envolvidos.

Em 1917 os EUA compraram as Ilhas Virgens à coroa dinamarquesa por 25 milhões de dólares.

O próprio Alasca foi comprado ao Império Russo em 1867.

A investida norte-americana sobre a Gronelândia também não é inédita.

O Presidente Andrew Johnson, em 1860, já falava sobre isso, e o Departamento de Estado norte-americano, em 1867, falava sobre a importância e interesse nessa aquisição.

Apenas em 1946 a ideia foi concretizada. O Presidente Harry Truman ofereceu à Dinamarca 100 milhões de dólares pelo território. Foi recusado.

Agora foi a vez de Trump. Mas uma vez mais, o negócio falhou.
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