Trump diz que não deveria ter escolhido Sessions para Procurador-Geral

por RTP
Donald Trump com Jeff Sessions, maio de 2017 Kevin Lamarque - Reuters

O Presidente norte-americano argumenta que nunca teria nomeado Jeff Sessions como Procurador-Geral se soubesse que ele ia recusar-se a supervisionar a investigação sobre as alegadas interferências russas nas eleições americanas. “Foi muito injusto para com o Presidente”, assegura Trump em entrevista ao New York Times.

Numa ruptura pública com Sessions, o primeiro senador que apoiou a candidatura de Donald Trump, o Presidente diz que a decisão do Procurador-Geral levou, em última instância, à nomeação de um conselho especial para investigar o caso russo, algo que não deveria ter acontecido.

“Sessions nunca se deveria ter recusado. E, se ia recusar-se, deveria ter-me dito antes de assumir funções e eu teria escolhido outra pessoa”, reclamou Donald Trump em entrevista. Session afastou-se da investigação russa em março.

“Jeff Sessions aceita o trabalho, entra em funções, recusa-se, o que francamente penso que é muito injusto para com o Presidente”, argumentou.

Notícias publicadas no último mês davam conta de que Jeff Sessions ter-se-á oferecido para sair do cargo dadas as tensões com o Presidente que se seguiram à recusa de supervisionar a investigação.

A investigação à alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e a possíveis ligações entre a Rússia e elementos da campanha de Trump foi o centro desta entrevista alargada ao New York Times.

Donald Trump disse que, tanto quanto sabia, não estava a ser investigado. “Acho que não estou sob investigação”, reiterou o Presidente. “Não estou sob investigação. Por quê? Não fiz nada de errado”, reforçou.

A entrevista ao jornal foi publicada na mesma altura em que se soube que os senadores vão ouvir o genro e o filho mais velho de Donald Trump na próxima quarta-feira, a propósito do encontro com uma advogada russa e das suas alegadas ligações ao poder russo.

Sobre a demissão do chefe do FBI, James Comey, Trump considerou que não teve arrependimentos. “Fiz uma grande coisa pelo povo americano”, disse, enquanto atacava Comey por "mentiras" que terá proferido quando testemunhou perante o Congresso.
Segundo encontro com Putin
Nesta entrevista, Donald Trump foi confrontado com a informação sobre um segundo encontro com o homólogo russo Vladimir Putin na reunião do G-20 em Hamburgo. Um encontro que só agora foi revelado.

Trump garantiu que falou com Putin durante 15 minutos, sobretudo sobre “brincadeiras” .

Mas o Presidente acabou por dizer que falaram sobre “adoção”. Vladimir Putin baniu a adoção de crianças russas por americanos em 2012, depois de os Estados Unidos terem aplicado sanções a russos acusados de abusos dos direitos humanos, um assunto que continua a ser um ponto sensível nas relações com Moscovo.
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