Trump recebe Moon com cimeira de Singapura em dúvida

por RTP
Jim Bourg - Reuters

O presidente norte-americano reúne-se esta terça-feira na Casa Branca com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in. Entre os temas em cima da mesa estão as dúvidas sobre a cimeira prevista entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Singapura, depois de a Coreia do Norte ter ameaçado na passada semana anular o encontro. O vice-presidente americano, Mike Pence, deixou ontem avisos a Kim Jong-un.

Em entrevista à Fox News, Mike Pence avisou Kim Jong-un para “não brincar” com Trump na cimeira, alertando que “sem dúvida” ainda há uma hipótese de o Presidente norte-americano abortar a cimeira, prevista para daqui a três semanas, em Singapura. “Será um grave erro para Kim Jong-un pensar que ele pode brincar com Donald Trump”, garantiu o vice-presidente.

O encontro entre os líderes dos EUA e Coreia do Sul que se realiza hoje foi agendado inicialmente com a intenção de afinar os pormenores de uma estratégia comum para dialogar com a Coreia do Norte. Mas o timing fez com que se tornasse quase numa sessão de "gestão de crise" depois das ameaças de Kim Jong-un sobre a cimeira histórica com os Estados Unidos.

Na passada semana, a Coreia do Norte reagiu com fúria à hipótese admitida pelo conselheiro de segurança John Bolton de lidar com a Coreia do Norte como se fizera com o "modelo líbio" para a desnuclearização. Os norte-coreanos insurgiram-se ainda com os exercícios militares entre os EUA e a Coreia do Sul por estes dias, que levou a que fosse cancelado um encontro entre as Coreias.

Horas depois de ter cancelado uma reunião com a vizinha do Sul, a Coreia do Norte afirmou não estar interessada numa cimeira com os Estados Unidos, caso esta seja reduzida à "exigência unilateral" do desarmamento nuclear.

As autoridades norte-coreanas proibiram entretanto esta terça-feira a presença de jornalistas sul-coreanos para assistir ao desmantelamento de uma base nuclear, disse esta terça-feira fonte do Ministério da Unificação sul-coreano.

A lista de jornalistas sul-coreanos, que se encontrava já em Pequim para seguir viagem rumo a Pyongyang, foi rejeitada esta manhã, disse a mesma fonte, citada pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap, numa posição que está a ser vista como mais uma resposta aos exercícios militares com Washington.

No início do mês, a Coreia do Norte tinha garantido que os jornalistas da Coreia do Sul, dos Estados Unidos, da China e do Reino Unido iam ser convidados a assistir à destruição dos túneis, ao desmantelamento dos postos de observação e das instalações de pesquisa na central de Punggye-ri, previsto entre quarta e sexta-feira.

A Coreia do Norte realizou seis testes nucleares subterrâneos em Punggye-ri, tendo o último, em setembro do ano passado, sido o mais potente.

Muitos analistas declararam duvidar das promessas norte-coreanas, até porque há precedentes: em 2008, Pyongyang derrubou uma parte do centro de reprocessamento de urânio, mas continuou a desenvolver o programa nuclear. Há analistas que consideram que a Coreia do Norte pretende destruir provas, longe dos olhares internacionais.

A agenda de Trump com Moon Jae-in não prevê conferência de imprensa conjunta.
Os americanos pretendem que os sul-coreanos os ajudam a entender as reais intenções exatas de Kim-Jong-un para a cimeira, no que toca à desnuclearização. Washington quer a desnuclearização “completa, verificável e irreversível” da Coreia do Norte, não tendo ainda o país revelado na totalidade os seus planos.

Fontes citadas pela Reuters dizem que as ameaças da Coreia do Norte de anular a cimeira são uma espécie de teste para avaliar a predisposição de Trump para fazer concessões nas exigências de desnuclearização do regime de Pyongyang.
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