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Trump reforça artilharia protecionista apontada à China e Pequim retalia

por Carlos Santos Neves - RTP
Pequim respondeu à primeira bateria de taxas alfandegárias da Administração Trump com tarifas equivalentes Jason Lee - Reuters

O braço económico da Administração norte-americana acentuou nas últimas horas a linha protecionista da sua política comercial, ao desenhar uma lista adicional de produtos chineses sujeitos a tarifas aduaneiras agravadas a partir de setembro. Em causa estão importações num montante de 200 mil milhões de dólares. “Totalmente inaceitável”, responde Pequim, que já acena com “contramedidas”.

Nesta fase, o bolo das importações da China debaixo da ameaça das tarifas da Administração Trump ascende a 250 mil milhões de dólares - aos 34 mil milhões de dólares inicialmente aventados somaram-se 16 mil milhões; na terça-feira foram adicionados 200 mil milhões, o equivalente a 170 mil milhões de euros. As exportações da China para os Estados Unidos somaram, em 2017, 505 mil milhões de dólares, com um défice de 375 mil milhões para o prato norte-americano da balança.


E o teto não ficará por aqui, tendo em conta que o Presidente dos Estados Unidos já ameaçou fazer subir a fasquia e aplicar taxas sobre produtos comprados à segunda maior economia mundial num valor acima dos 400 mil milhões de dólares.

Outra frente em curso do conflito comercial é a das taxas aplicadas às importações de alumínio e de aço, de dez e 25 por cento, respetivamente, que abrangem não só a China como outros parceiros comerciais da América.

O intrincado processo político-legislativo de Washington dita que as novas tarifas aduaneiras – de dez por cento sobre os produtos elencados - só possam começar a ser aplicadas a partir de setembro.

“Durante mais de um ano, a Administração Trump pediu pacientemente à China que pusesse fim às suas práticas desleais, que abrisse os seus mercados e se entregasse a uma concorrência baseada nas forças do mercado”, afirmava na terça-feira o representante para o Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer.

“Infelizmente, a China não mudou o comportamento”, acrescentaria o responsável, para insistir na ideia de que as práticas comerciais de Pequim constituem uma “ameaça ao futuro da economia americana”.

“Ao invés de responder às nossas preocupações legítimas, a China começou a tomar medidas de retaliação contra produtos americanos. Tais ações são injustificáveis”, argumentou ainda Lighthizer.
“Inaceitável”

A atual Administração norte-americana acusa, em concreto, o Governo de Pequim de “transferências forçadas de tecnologias”, ao obrigar as entidades empresariais dos Estados Unidos que pretendam vender os seus produtos no mercado chinês a procurar parceiros locais. “Roubo” é mesmo um dos termos empregues pela Casa Branca de Donald Trump.Pequim respondeu à primeira bateria de taxas alfandegárias da Administração Trump com tarifas equivalentes sobre importações originárias dos Estados Unidos, desde logo produtos agrícolas.

Até ao final do verão, por via de um conjunto de audições com representantes do tecido empresarial em causa, o Departamento do Comércio norte-americano vai fazer contas ao impacto das tarifas adicionais, que abarcarão produtos como peixes, pneus, queijos, papel e químicos.

Pequim respondeu esta quarta-feira ao redobrar da marcha protecionista norte-americana. Advertiu, como no passado recente, para a inevitabilidade de medidas proporcionais de retaliação.

Em comunicado, o Ministério do Comércio da China avaliou como “totalmente inaceitável” a postura assumida pelo representante para o Comércio dos Estados Unidos e denunciou o que considerou ser um “comportamento irracional” por parte da superpotência.

“A atitude dos Estados Unidos prejudica a China, o mundo e eles próprios. Este comportamento irracional não pode ter apoio”, escreveu o Ministério chinês, que promete expor a “conduta unilateral” de Washington à Organização Mundial do Comércio.

A anteceder este comunicado, o vice-ministro chinês do Comércio, Li Chenggang, acusara Trump de pretender “destruir” as relações comerciais entre os dois países.

c/ agências internacionais
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