Trump sobe mais um degrau na ameaça à Coreia do Norte

por Carlos Santos Neves - RTP
“O povo do nosso país está a salvo. Os nossos aliados estão a salvo”, asseverou o Presidente dos Estados Unidos Jonathan Ernst - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos elevou esta quinta-feira a fasquia da retórica de guerra endereçada ao regime norte-coreano, ao advertir que Pyongyang arrisca “problemas como poucas nações tiveram” se persistir no antagonismo para com Washington. Sobre a ameaça de há dois dias, quando prometeu “fogo e fúria” à Coreia do Norte, Donald Trump resumiu: “Talvez não tenha sido suficientemente dura”.

A escalada não cessa. E o igualar da tradicional retórica belicista dos norte-coreanos por parte de Donald Trump também não. A Coreia do Norte, avisa agora o Presidente dos Estados Unidos, deveria ficar “muito, muito nervosa” se sequer pensasse em atacar território ou interesses norte-americanos. Algo que Pyongyang já disse por mais do que uma vez pretender fazer.

“O povo do nosso país está a salvo. Os nossos aliados estão a salvo. E dir-vos-ei isto: é melhor que a Coreia do Norte se ponha na linha, ou terá problemas como poucas nações tiveram neste mundo”, acentuou Trump, que falava aos jornalistas em Nova Jérsia, onde se reuniu com a equipa de segurança nacional.

O Presidente norte-americano evocou as palavras com as quais fez subir a parada no posicionamento de Washington face à Coreia do Norte - na terça-feira, afiançava que o regime seria enfrentado com “fogo e fúria como o mundo” jamais havia visto. Para dizer que a ameaça “talvez não tenha sido suficientemente dura”.

“Eles fazem isto ao nosso país há muito tempo, muitos anos. É mais do que chegado o tempo de alguém se erguer pelo povo deste país e pelos povos de outros países”, reforçou.
“Veremos o que acontecerá”
Questionado sobre a hipótese de um ataque preventivo das estruturas militares norte-americanas contra a Coreia do Norte, com o objetivo de anular o propalado plano do regime para atingir as águas ao largo da ilha de Guam, Trump retorquiu: “Veremos o que acontecerá”. Donald Trump voltou também a visar a China, histórico contraforte da Coreia do Norte, afirmando que o Governo de Pequim poderia “fazer um pouco mais” para pressionar o regime de Kim Jong-un.

“Se a Coreia do Norte fizer alguma coisa em termos de sequer pensar em atacar alguém que amamos, ou representamos, ou os nossos aliados ou nós mesmos, eles deverão ficar muito, muito nervosos. Digo-vos isto. Deverão ficar muito nervosos. Porque acontecerão coisas que eles nunca julgaram possíveis”, insistiu.

Também do flanco norte-coreano saiu esta quinta-feira novo rol de ameaças aos Estados Unidos. Em tom desafiador, através da agência estatal KCNA, que citou o general Kim Rak Gyom, comandante da Força Estratégica do país, o regime afiançou que os seus planos para disparar mísseis de médio alcance para as águas de Guam estarão prontos dentro de dias.

Os planos, ainda segundo a KCNA, passariam por fazer cair quatro mísseis balísticos - que atravessariam espaço aéreo do Japão - no mar a 30 ou 40 quilómetros de Guam. E constituiriam “um aviso crucial” à América, no léxico do regime de matriz estalinista.

Localizada a mais de três mil quilómetros a sudeste da Coreia do Norte, a ilha tropical de Guam tem uma população de pouco mais de 160 mil pessoas e alberga diferentes complexos militares de considerável valor geoestratégico: uma base da Força Aérea, instalações navais com um esquadrão de submarinos, uma unidade da Guarda Costeira e um total de seis mil operacionais militares.

c/ agências internacionais
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