Trump vai tomar "grande decisão" sobre Acordo de Paris nas próximas duas semanas

por Lusa

Washington, 30 abr (Lusa) -- O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, no sábado, ao cumprir 100 dias na Casa Branca, que vai tomar "uma grande decisão" sobre o Acordo de Paris relativo às alterações climáticas "nas próximas duas semanas".

"Vou tomar uma grande decisão sobre o Acordo de Paris nas próximas duas semanas. Vamos ver o que acontece", anunciou Trump, insistindo que os regulamentos ambientais sufocam o crescimento económico e são responsáveis pela perda de empregos no país, durante um encontro em Harrisburg, no estado da Pensilvânia, onde assinalou os seus primeiros 100 dias no poder.

Os Estados Unidos estão a equacionar se mantêm o Acordo de Paris, assinado por 195 países em dezembro de 2015 para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e conter o aquecimento global abaixo dos dois graus celsius.

O secretário da Energia norte-americano, Rick Perry, declarou, esta semana, que os Estados Unidos devem permanecer no Acordo de Paris sobre o clima, mas renegociar os seus termos, juntando-se ao campo daqueles que, na administração de Donald Trump, são favoráveis à manutenção.

Por seu turno, o patrão da Agência de Proteção do Ambiente dos Estados Unidos, Scott Pruitt, pediu recentemente que o país saia deste acordo, considerando que se tratou de "um negócio prejudicial para a América" e que beneficiou principalmente a China, o maior emissor mundial de dióxido de carbono (CO2).

Steve Bannon, o estratega de Trump e um nacionalista económico que parece estar a perder a sua influência, também propôs uma retirada.

A Casa Branca fez saber que iria avaliar a sua posição sobre as alterações climáticas e a política energética, mas sem indicar se iria cumprir a promessa eleitoral de Trump de "anular" a participação dos Estados Unidos no Acordo de Paris, aguardando-se então agora uma decisão "nas próximas duas semanas".

A anterior administração norte-americana prometeu, em Paris, que os Estados Unidos vão reduzir as suas emissões de CO2 de 26 a 28% até 2025, por comparação com o nível de 2005 e, para o efeito, o então Presidente democrata, Barack Obama, autorizou a Agência de Proteção do Ambiente a forçar as indústrias de carvão a reduzir as suas emissões.

As declarações de Donald Trump ocorreram no mesmo dia em que se realizaram massivas marchas em defesa do clima e contra as suas políticas de desregulação do ambiente nos Estados Unidos, incluindo uma em Washington que juntou milhares de manifestantes.

Segundo os organizadores, decorreram em simultâneo cerca de 300 marchas ou protestos semelhantes em todo o país.

Os participantes na Marcha pelo Clima afirmaram-se contra o recuo de Trump nas restrições à exploração mineira, à perfuração petrolífera e às emissões de gases com efeito de estufa em fábricas alimentadas a carvão, entre outras questões.

Trump assinou, na sexta-feira, uma ordem executiva para rever as proibições impostas por Obama para permitir explorações de petróleo na costa do país, o que poderia abrir zonas do Ártico e do Golfo do México a novos poços, com o objetivo, segundo argumenta, de criar mais empregos.

No final de março, também declarou o fim da "guerra ao carvão", ao prometer o cancelamento de normativas do Governo federal que estão a "destruir empregos", e anunciou uma "nova era" na produção de energia, com a nova diretiva a ordenar um reexame da emblemática medida de Obama sobre o clima, o `Clean Power Plan`, que impõe às centrais térmicas reduções nas suas emissões de CO2.

Em diversas ocasiões, o Presidente norte-americano classificou as alterações climáticas como um embuste, contestando o esmagador consenso no seio da comunidade científica de que o planeta está a aquecer e que as emissões de carbono de origem humana são as principais responsáveis.

Trump chegou a afirmar inclusive que o aquecimento global era uma farsa inventada pela China antes de moderar a sua posição, após as eleições.

DM (JH/ANC/EA) // DM

Tópicos
pub