Turquia e Rússia debatem opção de patrulhas conjuntas em Idlib

por RTP
Khalil Ashawi, Reuters

A Turquia e a Rússia estão a meter em cima da mesa a possibilidade de fazerem patrulhas conjuntas, segundo as autoridades turcas. O pretendido é chegar a um acordo para suspender os combates e estancar a saída de civis na região de Idlib, na Síria.

Estes dois países que apoiam lados opostos no conflito que já decorre há nove anos, ainda não conseguiram chegar a um acordo após duas rondas de negociações nas últimas duas semanas. A ofensiva do Governo sírio, que desejava erradicar as últimas forças rebeldes no noroeste da Síria, gerou um dos conflitos mais sérios entre Ancara e Damasco. Este fez com que a Turquia enviasse milhares de tropas e comboios com armas pesadas para a fronteira.

Com a chegada de mais de 3,7 milhões de refugiados sírios desde o início da guerra, a Turquia diz que não tem possibilidades de receber mais através da fronteira, que atualmente se encontra fechada. Desde o início de dezembro, as Nações Unidas afirmaram que cerca de 900 mil pessoas, principalmente mulheres e crianças, abandonaram suas casas em Idlib.

Segundo a autoridade turca, as negociações com a Rússia não ficaram “completamente sem resultado”.

"Vários procedimentos estão a ser discutidos. Por exemplo, garantir a segurança através de oficiais de segurança turcos e russos e realizar patrulhas conjuntas pode ser possível", disse a autoridade, acrescentando que Ancara e Moscovo esperam que os seus presidentes "encerrem a questão”.

A Turquia, que tem vindo a demonstrar o seu apoio aos rebeldes opostos ao presidente sírio Bashar al Assad, ameaçou afastar militarmente as forças sírias. Apesar disso, admitiu que caso estas se retirem até ao final do mês, recua na sua decisão.

O presidente Tayyip Erdogan disse, na quarta-feira, que uma ofensiva turca contra Idlib é "uma questão de tempo". Ancara e Moscovo acusaram-se mutuamente de desrespeitar um acordo de 2018 que permitiu à Turquia e à Rússia estabelecerem postos de observação militar em Idlib.

Na terça-feira, o porta-voz presidencial, Ibrahim Kalin referiu que a Turquia rejeitou os mapas alternativos oferecidos pela Rússia durante as negociações. Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que “houve alguma aproximação com a Rússia nas negociações sobre o Idlib, mas que ainda não estavam nos níveis pretendidos”.

"Os russos não nos impõem um mapa. Trocámos documentos que apresentavam as nossas respetivas posições", disse Cavusoglu à emissora TRT Haber.

A Rússia afirmou que o “pior cenário” seria uma ofensiva turca contra Idlib e que iria continuar a trabalhar para impedir que a situação piorasse. A Turquia, a Rússia e o Irão estão a planear reunir-se em Teerão, no início do próximo mês para discutir mais sobre a Síria.
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